Conferência mundial debate proposta do Brasil sobre impacto do tabaco no meio ambiente
Uma proposta do Brasil sobre o manejo das bitucas de cigarros e outros resíduos do consumo de tabaco que contaminam o meio ambiente começou a ser debatida nesta quinta-feira (8) pelos delegados que participam de uma conferência mundial no Panamá.
Representantes de mais de 180 países revisam desde a segunda-feira a aplicação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (FCTC, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS), em vigor desde 27 de fevereiro de 2005.
A proposta brasileira nesta décima conferência das partes (COP10) da FCTC refere-se principalmente à responsabilidade ambiental no manejo dos resíduos do tabaco e conta com o apoio de outros países latino-americanos, entre eles México, Equador e Panamá.
"Os governos, de uma maneira geral, olham mais para isso [os resíduos] como um problema dos países que têm plantações de tabaco, que são grandes produtores, mas não dos países que são consumidores", explicou à AFP a delegada brasileira Vera Luiza da Costa e Silva, que falou em espanhol.
"Uma das discussões bastante atuais é o que se descarta de bitucas de cigarros no meio ambiente, nos oceanos, nos mananciais de água, e como isso implica uma poluição do meio ambiente", acrescentou.
O tabaco não só causa danos à saúde, mas também ao planeta, ressaltou Vera Luiza, que dirige o escritório de implementação da Convenção-Quadro no Brasil.
"O que o Brasil quer é que se separe a discussão do meio ambiente da discussão sobre diversificação de cultivos, porque este é mais um problema dos países produtores e a questão do meio ambiente é para todos os países que têm consumidores" de tabaco, assinalou a delegada brasileira.
"A ideia é que comece uma coleta de evidências [sobre os danos causados pelos resíduos do tabaco] para que se possa, na próxima COP, tomar uma decisão com base na ciência", detalhou.
Calcula-se que o tabaco mate atualmente mais de oito milhões de pessoas por ano no mundo, incluindo 1,3 milhão de fumantes passivos expostos à fumaça, segundo a OMS, mas não há estudos globais sobre os danos ao meio ambiente.
Após a conclusão da COP10, neste sábado, começará a terceira conferência de seguimento do Protocolo para a Eliminação do Comércio Ilícito de Produtos do Tabaco (MOP3, vigente desde 2018), com participação de quase 70 países.
O.Leclercq--JdB