Journal De Bruxelles - Bolsonaro enfrenta um pós-operatório 'muito delicado e prolongado'

Bolsonaro enfrenta um pós-operatório 'muito delicado e prolongado'
Bolsonaro enfrenta um pós-operatório 'muito delicado e prolongado' / foto: MATEUS BONOMI - AFP

Bolsonaro enfrenta um pós-operatório 'muito delicado e prolongado'

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta um período pós-operatório "muito delicado e prolongado" que o manterá no hospital "por pelo menos duas semanas", informaram seus médicos nesta segunda-feira (14), após uma cirurgia abdominal bem-sucedida realizada no domingo em Brasília.

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Embora sua esposa, Michelle, tenha publicado no Instagram que Bolsonaro "já está no quarto" após a operação, os médicos esclareceram que ele permanece na UTI e por enquanto "não há previsão" de alta.

O ex-presidente, de 70 anos, passou pelo procedimento duas semanas depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu torná-lo réu por uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.

Bolsonaro passou 12 horas em cirurgia para tratar uma "distensão abdominal" relacionada à facada que sofreu durante um evento de campanha em 2018.

"Foi uma cirurgia extremamente complexa", mas "o resultado final foi excelente", disse em coletiva de imprensa o médico Leandro Echenique, cardiologista do ex-presidente (2019-2022).

"Vai ser um pós-operatório muito delicado e prolongado", acrescentou. As próximas 48 horas serão "bastante críticas" para definir os próximos passos do tratamento.

"A nossa expectativa, correndo tudo dentro do previsto, é que ele fique pelo menos duas semanas" internado, afirmou o cirurgião-chefe Cláudio Birolini.

Segundo Echenique, Bolsonaro está "acordado, consciente, conversando conosco, já fez até alguma piadinha ali". Por enquanto, se alimenta por meio de soro.

A parede abdominal estava "bastante danificada" e seu intestino havia "sofrido" uma obstrução, "o que nos leva a crer que ele já vinha com esse quadro (...) há alguns meses", afirmou Birolini.

- "Fortes dores" -

Bolsonaro passou por diversas cirurgias nos últimos anos devido às sequelas da facada, ocorrida em setembro de 2018, em plena campanha eleitoral e semanas antes de vencer a eleição presidencial.

Ele visitava o nordeste, reduto histórico da esquerda, quando sentiu as "fortes dores abdominais" que o levaram ao hospital.

O ex-presidente postou nas redes sociais no sábado que seu médico lhe disse que "este foi o quadro mais grave" desde o ataque que quase lhe custou a vida.

"Depois de tantos episódios semelhantes ao longo dos últimos anos, fui me acostumando com a dor e com o desconforto. Mas, desta vez, até os médicos se surpreenderam", acrescentou.

Bolsonaro é acusado de tramar uma conspiração envolvendo colaboradores próximos, incluindo ex-ministros e altos oficiais militares, para permanecer no poder após as eleições de 2022, que ele perdeu no segundo turno para o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Declarado inelegível até 2030 por seus ataques à confiabilidade do sistema de voto eletrônico, Bolsonaro ainda se apega à possibilidade de ter essa condenação anulada ou reduzida para poder concorrer à Presidência em 2026.

Lula, de 79 anos, ainda não decidiu se vai disputar a reeleição. Sua popularidade caiu, pressionada pela inflação.

X.Lefebvre--JdB