Journal De Bruxelles - Panamá diz que empresa chinesa descumpriu contrato para operar portos no canal

Panamá diz que empresa chinesa descumpriu contrato para operar portos no canal
Panamá diz que empresa chinesa descumpriu contrato para operar portos no canal / foto: MARTIN BERNETTI - AFP/Arquivos

Panamá diz que empresa chinesa descumpriu contrato para operar portos no canal

A subsidiária da empresa de Hong Kong Hutchison Holdings descumpriu o contrato que lhe permite operar dois portos no Canal do Panamá, segundo o resultado de uma auditoria divulgada pelas autoridades panamenhas nesta segunda-feira (7).

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"Há muitos descumprimentos" no contrato de concessão concedido em 1997, e renovado por outros 25 anos em 2021 para a Panama Ports, subsidiária da Hutchison para a operação portuária, anunciou o controlador panamenho, Anel Flores, em uma coletiva de imprensa.

Segundo o funcionário, entre outras irregularidades, o Panamá não recebeu da companhia 1,2 bilhão de dólares (R$ 7 bilhões) por suas operações nos portos de Balboa (Pacífico) e Cristóbal (Atlântico).

"Este é um tema muito delicado", afirmou Flores, que também anunciou que nos próximos dias apresentará as denúncias correspondentes no Ministério Público.

O anúncio do resultado desta auditoria ocorre horas antes da chegada ao Panamá do chefe do Pentágono, Pete Hegseth, em meio a acusações dos Estados Unidos de uma suposta interferência da China no canal interoceânico.

Washington considera uma "ameaça" à segurança nacional e regional que uma empresa de Hong Kong opere dois portos nos extremos do canal, por onde passa 5% do comércio marítimo mundial.

No entanto, Flores negou que este anúncio do descumprimento do contrato guarde relação com a visita do secretário da Defesa americana.

"Esta é uma ação autônoma do Panamá", afirmou Flores.

- Fim da concessão? -

A Controladoria, uma instituição autônoma encarregada de fiscalizar os fundos públicos, iniciou uma auditoria no fim de janeiro na Panama Ports para verificar se a companhia cumpria o contrato que lhe permite operar os dois portos nos acessos ao canal.

Este processo começou depois que o presidente americano, Donald Trump, ameaçou em várias ocasiões tomar o controle do canal, inclusive à força, argumentando que a China estaria operando a via interoceânica.

Em 4 de março, a Hutchison anunciou que venderia 43 portos em 23 países, incluindo suas operações no Panamá, para um consórcio americano. No entanto, o negócio não foi concluído em 2 de abril, conforme o previsto, pois há uma investigação de reguladores chineses.

Há semanas, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, manifestou que o resultado da auditoria determinaria a continuidade da concessão desta empresa.

Flores também informará nos próximos dias a Autoridade Marítima do Panamá sobre o resultado da auditoria para decidir o futuro da concessão.

Além disso, a Suprema Corte analisa duas ações de nulidade contra o contrato.

Recentemente, o procurador-geral panamenho, Luis Carlos Gómez, afirmou que o contrato é "inconstitucional".

"É óbvio" que o governo panamenho "se esforça em buscar elementos de peso que lhe permitam rescindir o contrato" com provas de descumprimento para possivelmente agradar Washington e evitar "uma ação bilionária" da companhia, declarou recentemente à AFP o especialista panamenho em relações internacionais Euclides Tapia.

W.Lejeune--JdB