Journal De Bruxelles - Para Crescente Vermelho palestino, Exército de Israel atirou 'para matar' em socorristas em Gaza

Para Crescente Vermelho palestino, Exército de Israel atirou 'para matar' em socorristas em Gaza
Para Crescente Vermelho palestino, Exército de Israel atirou 'para matar' em socorristas em Gaza / foto: Eyad Baba - AFP/Arquivos

Para Crescente Vermelho palestino, Exército de Israel atirou 'para matar' em socorristas em Gaza

O Crescente Vermelho palestino afirmou, nesta segunda-feira (7), que os 15 trabalhadores humanitários mortos em Gaza no mês passado em um ataque israelense foram baleados "com a intenção de matar".

Tamanho do texto:

O ataque, condenado pela comunidade internacional, ocorreu no sul da Faixa de Gaza em 23 de março, dias após o início de uma nova ofensiva israelense no território palestino.

"Autópsias foram realizadas nos mártires do Crescente Vermelho e nas equipes de defesa civil. Não podemos revelar tudo o que sabemos, mas direi que todos os mártires foram baleados na parte superior do corpo com a intenção de matar", disse o presidente da organização, Younis Al Khatib, a repórteres em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

"Pedimos ao mundo que seja estabelecida uma comissão internacional independente e imparcial para esclarecer as circunstâncias do assassinato deliberado do pessoal de ambulâncias na Faixa de Gaza", declarou.

O Exército israelense anunciou, nesta segunda-feira, que o chefe de Estado-Maior, Eyal Zamir, ordenou a abertura de uma "investigação em profundidade" sobre o incidente, depois que uma averiguação preliminar revelou que "as tropas abriram fogo porque perceberam uma ameaça".

Na semana passada, o Exército israelense afirmou que seus soldados atiraram contra "terroristas" e "veículos suspeitos", que avançavam em sua direção com as luzes apagadas.

No entanto, imagens recuperadas do celular de um socorrista morto e divulgadas pelo Crescente Vermelho parecem contradizer a versão israelense.

No vídeo, de seis minutos e 42 segundos, veem-se ambulâncias transitando com faróis e luzes acesos.

Entre os mortos, oito eram funcionários do Crescente Vermelho palestino, seis eram membros da Defesa Civil de Gaza e um trabalhava para a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (Unrwa), de acordo com a ONU e o Crescente Vermelho Palestino.

Os corpos foram enterrados perto do local do ataque, na região de Tal al-Sultan, na cidade de Rafah, no que o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (Ocha) descreveu como uma "vala comum".

"Por que eles esconderam os corpos?", questionou Khatib, referindo-se aos soldados israelenses envolvidos no ataque.

O porta-voz do governo israelense, David Mencer, afirmou, nesta segunda-feira, que entre os 15 mortos, seis eram milicianos do Hamas.

"O que terroristas do Hamas faziam em ambulâncias?", questionou o porta-voz.

Khatib repudiou esta acusação e afirmou que Israel não conseguiu "demonstrar nem uma única vez em 50 anos que o Crescente Vermelho ou suas equipes portem ou usem armas".

B.A.Bauwens--JdB