Journal De Bruxelles - Guerrilhas 'assolam' fronteira da Colômbia diante da 'escassa' proteção do governo

Guerrilhas 'assolam' fronteira da Colômbia diante da 'escassa' proteção do governo
Guerrilhas 'assolam' fronteira da Colômbia diante da 'escassa' proteção do governo / foto: STRINGER - AFP/Arquivos

Guerrilhas 'assolam' fronteira da Colômbia diante da 'escassa' proteção do governo

As guerrilhas que lutam ao longo da fronteira da Colômbia com a Venezuela "assolam" os civis diante da "escassa proteção do governo", deixando-os vulneráveis a assassinatos, sequestros e deslocamentos, disse a Human Rights Watch (HRW) nesta quarta-feira (26).

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Desde 16 de janeiro, a guerra pelo controle da região de Catatumbo (nordeste) entre a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) e a Frente 33 de dissidentes das Farc deixou mais de 70 mortos e 55.000 pessoas forçadas a fugir de suas casas.

"Nossa investigação aponta que o ELN está cometendo abusos generalizados contra a população civil", assinalou um relatório da HRW apresentado em Bogotá.

A ONG também documentou delitos da Frente 33 como "recrutamento de crianças e trabalhos forçados".

A diretora da HRW das Américas, Juanita Goebertus, apontou o caso de um morador de Catatumbo sequestrado pelos rebeldes e levado a um "acampamento de ressocialização", aparentemente em território venezuelano, em que era obrigado a cortar cana por mais de 14 horas por dia.

Goebetus destacou a "desproteção" por parte das autoridades e instou o governo a "por em prática uma marcha política de segurança e justiça efetiva".

O ELN e a dissidência das Farc cooperavam desde 2018 nesta região-chave para a produção e o tráfico de cocaína. No entanto, neste ano se presume que suas alianças romperam por desacordos entre seus líderes e desatou uma guerra.

Em 16 de janeiro, o ELN entrou "simultaneamente" em casas em vários municípios de Catatumbo para matar pessoas suspeitas de serem membros de dissidentes das Farc ou de colaborar com eles, segundo a HRW descobriu por meio de entrevistas e registros de fotos e vídeos.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, ordenou que as Forças Armadas retomassem o controle de Catatumbo, mas até agora não o fizeram.

Também decretou um "estado de comoção interna", que permite tomar medidas excepcionais em uma situação de risco à segurança nacional.

Como parte dessa declaração, no início de março, ele criou impostos para financiar programas sociais na região de Catatumbo.

X.Maes--JdB