

Após ameaça de apreensão de passaporte, Eduardo Bolsonaro fica nos EUA
O deputado federal Eduardo Bolsonaro disse, nesta terça-feira (18), que se licenciou temporariamente do cargo e permanecerá nos Estados Unidos, antes que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidisse arquivar um pedido de apreensão de seu passaporte após parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Eduardo (PL/SP), de 40 anos e terceiro filho de Bolsonaro, realizou diversas viagens aos Estados Unidos para defender o pai, denunciado por tentativa de golpe de Estado para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.
O parlamentar mantém boas relações com membros do Partido Republicano americano e com o próprio presidente Donald Trump, que já lhe manifestou sua simpatia publicamente, como na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) em fevereiro em Washington.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro classificou a decisão de se licenciar de seu mandato como "a mais difícil" de sua vida e disse que seria algo temporário.
O deputado federal está nos Estados Unidos desde 27 de fevereiro, quando viajou com a família.
Nesse dia, deputados do Partido dos Trabalhadores do presidente Lula protocolaram uma notícia-crime no STF e pediram a apreensão do passaporte de Eduardo alegando que ele teria atuado contra "a ordem pública e a soberania nacional".
Após o anúncio do deputado, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, desconsiderou nesta terça-feira abrir uma investigação ao assinalar que a notícia-crime apresentada pelo PT não contém elementos "mínimos" que indiquem "ilícito penal", segundo um documento obtido pela AFP.
Posteriormente, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decidiu pelo arquivamento da investigação contra o parlamentar e filho do ex-presidente.
Apesar da decisão do ministro do Supremo, Eduardo Bolsonaro reiterou que não existe "a mínima possibilidade de voltar ao Brasil".
"O Brasil já não é mais um local seguro para você fazer oposição. É um local que você não tem liberdade de expressão", disse ele ao canal no YouTube da Revista Oeste, chamando Moraes de "psicopata".
- 'Trump está sabendo' -
"Se Alexandre Moraes quer apreender o meu passaporte ou mesmo me prender para que eu não possa mais denunciar os seus crimes nos Estados Unidos, então é justamente aqui que eu vou ficar e trabalhar mais do que nunca", disse Eduardo Bolsonaro em seu vídeo publicado nas redes sociais.
"Aqui poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua gestapo da Polícia Federal merecem", acrescentou.
"Trump está sabendo o que está acontecendo" no Brasil, afirmou o filho de Jair Bolsonaro na entrevista à Revista Oeste.
O parlamentar licenciado prometeu que, em sua estada em terras norte-americanas, lutará para conseguir "anistia" aos condenados pela invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília em janeiro de 2023.
Centenas de bolsonaristas que participaram desses distúrbios foram julgados e condenados a penas de até 17 anos.
O ex-presidente Bolsonaro (2019-2022) aguarda a decisão do STF, marcada para a próxima semana, sobre se aceita a denúncia que o tornará réu por tentativa de golpe, um caso do qual Moraes também é responsável, o que poderia lhe render uma pena de até 40 anos de prisão.
Após o anúncio de Eduardo, Bolsonaro disse a jornalistas que confia que o presidente Trump "continuará abraçando" seu filho. O ex-presidente espera que Trump exerça "influência" para deter o que ele denuncia como "perseguição".
H.Raes--JdB