

Ucrânia apoia proposta dos EUA de cessar-fogo de 30 dias com Rússia
A Ucrânia apoiou nesta terça-feira (11) uma proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo com a Rússia de 30 dias, pouco depois do maior ataque de drones ucranianos contra o território russo desde que o conflito começou há mais de três anos.
Após um encontro entre representantes americanos e ucranianos em Jidá, na Arábia Saudita, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que a Ucrânia aceitou "negociações imediatas" com a Rússia e que agora a bola está com Moscou, se deseja aceitar uma trégua.
O encontro contou com a participação do ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, mas sem nenhum representante da Rússia.
Agora, os Estados Unidos deverão "convencer" a Rússia a aceitar o cessar-fogo de 30 dias, afirmou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky. "A Ucrânia aceita esta proposta", acrescentou ele durante o seu discurso diário, difundido nas redes sociais.
A questão é saber "como" e não "se" a guerra deve terminar, afirmou, por sua vez, Mike Waltz, assessor americano de Segurança Nacional.
Washington e Kiev também acordaram fechar "o antes possível" um pacto para que os Estados Unidos acessem recursos minerais da Ucrânia, segundo a declaração final, publicada após oito horas de conversas.
Depois de mais de três anos de conflito, a Ucrânia colocou sobre a mesa uma proposta de cessar-fogo parcial com a Rússia, com a esperança de que os Estados Unidos restabelecessem sua assistência militar e voltassem a trocar suas informações de inteligência.
Washington interrompeu essa ajuda desde a visita de Zelensky à Casa Branca em 28 de fevereiro, na qual houve um bate-boca com Donald Trump e seu vice-presidente J.D. Vance diante da imprensa e ao vivo.
Zelensky deixou os Estados Unidos sem assinar o acordo sobre os minerais.
"A Ucrânia declarou-se disposta a aceitar a proposta americana de instaurar um cessar-fogo imediato provisório de 30 dias, que pode ser prolongado por mútuo acordo e que está submetido à aceitação e à implementação simultânea pela Federação da Rússia", indica a declaração conjunta divulgada nesta terça.
"Os Estados Unidos explicarão à Rússia que a reciprocidade russa é a chave da paz", acrescenta a nota.
Além disso, "os Estados Unidos vão retirar imediatamente a suspensão sobre a troca de relatórios de inteligência e vão retomar a ajuda à segurança da Ucrânia".
Desde o seu retorno à Casa Branca, Trump tem pressionado a Ucrânia para que ponha fim à guerra que começou com a invasão russa do país, em fevereiro de 2022.
- Mais de 300 drones destruídos -
Na União Europeia (UE), a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, estiveram entre os primeiros a dar boas-vindas ao acordo.
"Trata-se de uma evolução positiva que pode ser um passo rumo a uma paz global, justa e duradoura para a Ucrânia. A bola agora está com a Rússia", afirmaram os dirigentes na rede X.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também falou de "um avanço notável" nas negociações.
O encontro em Jidá aconteceu poucas horas depois do maior ataque com drones ucranianos contra a Rússia desde o início da guerra que, segundo Kiev, deveria "incitar" o presidente russo Vladimir Putin a aceitar uma trégua aérea.
Contudo, as autoridades russas garantiram que o ataque, com um balanço provisório de três mortos e 18 feridos, foi um fracasso e anunciaram a destruição de 343 drones, incluídos 91 no oblast (província) de Moscou e 126 no oblast de Kursk, que faz fronteira com a Ucrânia e está ocupado parcialmente por forças ucranianas.
Na Ucrânia, pelo menos seis pessoas morreram em bombardeios russos no oblast de Donetsk, no leste do país, anunciou o seu governador.
Ao ser consultado sobre as conversas na Arábia Saudita, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que caberia à Ucrânia demonstrar que está pronta para alcançar a paz. "Não importa o que nós [esperemos]", afirmou.
- Dificuldades no front -
Nesta terça, a Rússia anunciou que recuperou das mãos do Exército ucraniano 12 localidades e "mais de 100 km²" de sua província fronteiriça de Kursk.
A Ucrânia lançou uma ofensiva surpresa contra essa província russa fronteiriça em agosto de 2024 e conseguiu ocupar centenas de km², um território que poderia servir de moeda de troca com Moscou em negociações futuras.
Mas, desde então, os russos já recuperaram mais de dois terços do território conquistado inicialmente com o apoio, segundo Ucrânia e Coreia do Sul, de milhares de soldados norte-coreanos.
K.Willems--JdB