Journal De Bruxelles - Trump intensifica guerra comercial com o Canadá com tarifas massivas

Trump intensifica guerra comercial com o Canadá com tarifas massivas
Trump intensifica guerra comercial com o Canadá com tarifas massivas / foto: ROBERTO SCHMIDT - AFP

Trump intensifica guerra comercial com o Canadá com tarifas massivas

O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (11) novas tarifas de 50% sobre o aço e o alumínio canadenses, ameaçou "fechar" sua indústria automobilística e insistiu que o país se torne o "estado 51" dos Estados Unidos.

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As novas ameaças de Trump surgiram horas antes do prazo final da meia-noite para impor novos impostos sobre esses metais.

Em sua plataforma Truth Social, Trump anunciou que aumentará as tarifas previstas sobre as importações canadenses de aço e alumínio para 50%, em vez dos 25% anunciados anteriormente.

O republicano planeja impor tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio do mundo todo, uma medida que afetaria duramente Brasil, México e os Emirados Árabes Unidos.

Essas tarifas alfandegárias, para as quais não estão previstas exceções, afetarão os setores eletrônico, automotivo e de construção.

O país mais afetado será o Canadá, um aliado histórico, junto com o México, seu parceiro no Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC).

O novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, adotou um tom desafiador no domingo, prometendo defender "o estilo de vida canadense".

"Que os americanos não se enganem. No comércio, assim como no hóquei, o Canadá vencerá", disse ele.

"O Canadá não está à venda", disse Doug Ford, primeiro-ministro de Ontário, a província mais populosa do Canadá, à CNBC na segunda-feira.

Ele acrescentou que a única solução é abandonar essa guerra comercial, "porque isso fortalecerá" ambos os países. "Somos o maior cliente deles, compramos mais produtos americanos do que qualquer outro país do mundo", disse o líder de Ontário.

O Canadá fornece metade das importações de alumínio dos Estados Unidos e 20% de suas importações de aço, diz a consultoria EY-Parthenon.

Trump diz que suas tarifas são uma resposta a uma sobretaxa de 25% imposta pela província canadense de Ontário sobre as exportações de eletricidade para os Estados Unidos.

O magnata republicano planeja anunciar uma emergência nacional de eletricidade na área afetada pelos aumentos dos preços.

Ele intensificou suas ameaças, alertando que se o que ele chama de "tarifas canadenses atrozes" não forem removidas, ele imporá tarifas sobre as importações de automóveis a partir de 2 de abril, o que poderia "fechar permanentemente o negócio de fabricação de automóveis no Canadá".

Na mesma mensagem em sua plataforma, Trump disse que a "única coisa sensata" que o Canadá pode fazer é se tornar o "estado 51" dos Estados Unidos.

"Isso faria com que todas as tarifas e todo o resto desaparecessem completamente", disse ele.

"Os impostos canadenses serão substancialmente reduzidos, estarão mais seguros do que nunca, militarmente e em outros aspectos, e não haverá mais o problema na fronteira norte", disse Trump, que acusa seu vizinho de não fazer o suficiente para impedir a entrada de fentanil, um opioide sintético que causou uma crise sanitária nos Estados Unidos.

- Custos e oportunidades -

Na rede social X, o ex-secretário do Tesouro Larry Summers afirmou que as ameaças tarifárias de Trump contra o Canadá seriam "uma ferida autoinfligida à economia americana (...) em um momento em que os riscos de recessão aumentam".

Alguns reclamam e outros se parabenizam.

Drew Greenblatt, proprietário da fabricante de produtos metálicos Marlin Steel, sediada em Baltimore, está satisfeito com as novas tarifas sobre aço importado porque elas aumentaram seus pedidos.

"Usamos apenas aço americano, então estamos satisfeitos com as tarifas", disse ele à AFP.

Algumas vozes alertam sobre as consequências.

Produtores que usam aço estrangeiro dizem que os custos mais altos de importação serão sentidos na maior economia do mundo.

Um grande siderúrgica americana alertou que os preços do aço nos EUA aumentarão para corresponder aos altos custos dos produtos importados.

As restrições de fornecimento elevam os preços, tornando itens como pregos, por exemplo, mais caros, disse a fabricante, que pediu para permanecer anônima.

Muitos economistas temem que as medidas tarifárias de Trump tenham um efeito inflacionário.

B.A.Bauwens--JdB