Journal De Bruxelles - Exército israelense admite "fracasso completo" diante do ataque do Hamas

Exército israelense admite "fracasso completo" diante do ataque do Hamas
Exército israelense admite "fracasso completo" diante do ataque do Hamas / foto: Ahmad GHARABLI - AFP

Exército israelense admite "fracasso completo" diante do ataque do Hamas

O Exército israelense reconheceu nesta quinta-feira (27) o "fracasso completo" diante do ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, nas conclusões de uma investigação publicada na véspera do fim da primeira fase da trégua na Faixa de Gaza.

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Na última troca da primeira fase da trégua, que termina no sábado, o movimento islamista Hamas entregou na madrugada desta quinta-feira os corpos de quatro reféns em troca da libertação, por parte de Israel, de mais de 600 prisioneiros palestinos.

Israel anunciou nesta quinta-feira o envio de uma delegação ao Cairo para continuar as negociações sobre o cessar-fogo, que entrou em vigor em 19 de janeiro, com a mediação do Egito, Catar e Estados Unidos.

O serviço de imprensa do governo egípcio afirmou à noite que as delegações israelenses e catarianas estavam mantendo "conversações intensivas", com a participação dos EUA, sobre as próximas fases da trégua.

A segunda fase, prevista para começar em 2 de março, deve representar o fim definitivo da guerra no território palestino e a liberação dos últimos reféns.

Com a publicação das principais conclusões de uma investigação interna, um responsável militar afirmou nesta quinta-feira que o Exército israelense não cumpriu a missão de "proteger os civis israelenses" durante o ataque de 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra, e reconheceu um "fracasso completo".

O exército também sofreu de um "excesso de confiança" e de uma ideia equivocada sobre as capacidades militares do Hamas, afirmou o responsável. "Nem imaginávamos uma situação assim", garantiu.

A investigação do exército revelou que o ataque ocorreu em três ondas sucessivas e que mais de 5 mil pessoas, incluindo milhares de civis, entraram em Israel a partir da Faixa de Gaza naquele dia.

O ataque de 7 de outubro de 2023 no território israelense deixou mais de 1.200 mortos, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses.

A resposta israelense em Gaza resultou na morte de mais de 48 mil pessoas, na maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas desde 2007. A ONU considera que esses números são confiáveis.

- 45 anos preso -

Os militantes islamistas também sequestraram 251 pessoas no ataque. Dessas, 58 continuam em cativeiro em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo Exército israelense. As outras 24 são todas homens, a maioria com menos de 30 anos.

O Hamas entregou na madrugada desta quinta-feira, sem cerimônia pública, os corpos de quatro reféns, que foram depois formalmente identificados.

São eles: Ohad Yahalomi, um franco-israelense de 49 anos; Tsachi Idan, também de 49; Itzik Elgarat, um dinamarquês-israelense de 68 anos; e Shlomo Mansour, de 85 anos.

Os três primeiros foram "assassinados em cativeiro", e o último morreu durante o ataque do Hamas em 7 de outubro, segundo o escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Todos haviam sido sequestrados em 7 de outubro em um kibutz próximo à Faixa de Gaza.

Em troca, Israel libertou 643 prisioneiros palestinos, confirmou nesta quinta-feira a administração penitenciária israelense.

Os prisioneiros foram recebidos por multidões na cidade cisjordaniana de Ramallah e na cidade de Khan Yunis, em Gaza.

Entre eles está Nael Barghouti, o detido que mais tempo passou preso em Israel. Ele foi libertado após mais de 45 anos atrás das grades, 34 dos quais consecutivos.

- "Sem descanso" -

Neste período inicial de seis semanas, um total de 33 reféns e oito corpos retornaram a Israel. Em troca, Israel retirou cerca de 1.700 prisioneiros palestinos de suas prisões, de um total previsto de 1.900.

 

Israel bloqueou em 22 de fevereiro a liberação no último momento de 600 prisioneiros palestinos em protesto contra as "cerimônias humilhantes" organizadas pelo Hamas em cada troca de reféns, que também foram criticadas pela ONU e pela Cruz Vermelha.

O Hamas disse na semana passada que estava disposto a entregar a Israel todos os reféns ainda mantidos em Gaza "de uma só vez" durante a segunda fase da trégua.

Após as seis primeiras semanas de trégua, a próxima etapa se anuncia delicada: Israel exige que Gaza seja completamente desmilitarizada e o Hamas eliminado, enquanto o movimento palestino insiste em permanecer no território após a guerra.

R.Verbruggen--JdB