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Hamas entrega corpos de 4 reféns e Israel liberta centenas de palestinos
O Hamas entregou, na madrugada desta quinta-feira (27), os corpos de quatro reféns de Israel, que em troca libertou quase 600 presos palestinos na última troca da primeira fase da trégua em Gaza.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou o recebimento dos caixões de "quatro reféns caídos".
Em um comunicado, o movimento islamista anunciou a libertação de centenas de detentos, que foram recebidos por milhares de pessoas na cidade de Ramallah (Cisjordânia) e na cidade de Khan Yunis (Gaza).
Segundo a ONG Clube de Prisioneiros Palestinos, Israel libertou nesta quinta-feira 596 palestinos que estavam em suas prisões em troca da devolução dos corpos dos quatro reféns israelenses mantidos em Gaza, e ainda precisa libertar outros 46, mulheres e menores de idade, para concluir a troca.
Em Ramallah, os palestinos libertados desceram dos ônibus vestidos com os tradicionais lenços kufiyas e jaquetas que cobriam os uniformes prisionais.
O Fórum de Famílias dos Reféns confirmou as identidades dos quatro corpos entregues.
"Recebimos com profunda tristeza a notícia da identificação de Shlomo Mansour, Tsachi Idan, Itzhak Elgarat e Ohad Yahalomi, de abençoada memória, que descansaram eternamente em Israel", afirmou o fórum em um comunicado.
Esta é última troca de reféns israelenses por presos palestinos prevista dentro do acordo de trégua mediado por Catar, Egito e Estados Unidos, que entrou em vigor em 19 de janeiro.
A primeira fase deste cessar-fogo termina no sábado e ainda não foram negociados os termos da segunda etapa, que deverá levar ao fim da guerra e concluir a libertação dos cerca de 60 reféns que permanecem em Gaza.
"Não há outra opção a iniciar as negociações para a segunda fase", afirmou o Hamas em um comunicado, considerando que Israel não pode apresentar "falsas desculpas" para interromper o processo.
Neste período inicial de seis semanas, um total de 25 reféns e oito cadáveres foram devolvidos a Israel. Em troca, as autoridades israelenses libertaram quase 1.900 palestinos presos em suas instalações.
O gabinete de Netanyahu havia indicado pouco antes da troca que a entrega dos corpos ocorreria "conforme as exigências israelenses", ou seja, "sem cerimônias do Hamas".
- 'Preferiram a vingança' -
No sábado, o governo de Israel bloqueou a libertação dos mais de 600 palestinos em protesto contra as "cerimônias humilhantes" organizadas pelo Hamas em cada troca de reféns, criticadas também pela ONU e a Cruz Vermelha.
Um dos casos que mais chocou Israel foi a entrega na semana passada de quatro corpos, entre eles os dos meninos Ariel e Kfir Bibas, cujos caixões foram expostos diante de uma imagem de Netanyahu retratado como um vampiro.
O caso gerou ainda mais comoção quando as autoridades israelenses denunciaram que os meninos tinham sido assassinados a "sangue frio" e que o suposto cadáver de sua mãe, Shiri Bibas, de origem argentina, não correspondia a nenhum refém.
O Hamas reconheceu o erro e entregou posteriormente os restos mortais da mãe, que foi enterrada nesta quarta-feira junto de seus filhos em um cemitério próximo do kibbutz Nir Oz, onde foram sequestrados em 7 de outubro de 2023.
A família Bibas, cujos filhos tinham quatro anos e oito meses e meio no momento do sequestro, se tornou um símbolo da tragédia dos reféns israelenses.
O pai, Yarden Bibas, também sequestrado, mas libertado este mês, homenageou durante o funeral sua "família perfeita". "Shiri, sinto muito por não ter conseguido proteger a todos", disse.
Durante o funeral, a família instou os dirigentes israelenses a assumirem responsabilidade pela morte de seus parentes. "Poderiam ter salvado eles, mas preferiram a vingança", disse Ofri Bibas, cunhada de Shiri.
- Acordo frágil -
O frágil acordo esteve à beira do colapso várias vezes, porque os dois lados têm-se acusado mutuamente de violações. O Exército israelense afirmou nesta quarta-feira que havia bombardeado postos de lançamento de projéteis em Gaza, após identificar um disparo.
Na noite de terça-feira, o enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, relatou "muito progresso" em virtude de uma retomada das negociações sobre as condições da segunda fase.
Segundo ele, Israel enviaria uma equipe de negociadores "a Doha e ao Cairo, onde as conversas serão reiniciadas". No entanto, Israel não confirmou tal informação.
A terceira e última fase da trégua deve focar na reconstrução da devastada Faixa de Gaza.
Israel prometeu destruir o Hamas após os ataques de 7 de outubro, que deixaram mais de 1.200 mortos, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP feito com base em números oficiais.
Los milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas. Antes da última troca, 62 permaneciam em Gaza, mas o exército israelense declarou que 35 foram mortas.
A resposta israelense em Gaza matou mais de 48.000 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas. A ONU considera que esses números são confiáveis.
R.Cornelis--JdB