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Hamas entrega corpos de 4 reféns e Israel liberta presos palestinos
O Hamas entregou, na madrugada desta quinta-feira (27, data local), os corpos de quatro reféns de Israel, que começou a libertar mais de 600 presos palestinos na última troca da primeira fase da trégua em Gaza.
O gabinete do primeiro-ministro israelense confirmou o recebimento dos caixões de "quatro reféns caídos" e assinalou que havia iniciado o processo de identificação dos restos mortais.
Em paralelo, um jornalista da AFP constatou a chegada de um ônibus com um grupo de presos palestinos recém-libertados por Israel à cidade de Ramallah, na Cisjordânia ocupada.
Com os tradicionais lenços kufiya e jaquetas para cobrir seus uniformes de prisão, os palestinos libertados desceram do ônibus diante de uma multidão e seguiram para fazer um exame médico.
Esta é última troca de reféns israelenses por presos palestinos prevista dentro do acordo de trégua mediado por Catar, Egito e Estados Unidos, que entrou em vigor em 19 de janeiro.
A primeira fase deste cessar-fogo termina no sábado e ainda não foram negociados os termos da segunda etapa, que deverá levar ao fim da guerra e concluir a libertação dos cerca de 60 reféns que permanecem em Gaza.
Neste período inicial de seis semanas, um total de 25 reféns e oito cadáveres foram devolvidos a Israel. Em troca, as autoridades israelenses se comprometeram a libertar 1.900 palestinos presos em suas instalações.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia indicado pouco antes da troca que a entrega dos corpos ocorreria "conforme as exigências israelenses", ou seja, "sem cerimônias do Hamas".
Segundo a imprensa israelense, os quatro corpos são de Ohad Yahalomi, Tsachi Idan, Itzik Elgarat e Shlomo Mansour, confirmando os nomes anteriormente divulgados pelo Hamas.
Duas autoridades do grupo islamista indicaram à AFP que Israel libertará mais de 600 prisioneiros palestinos, um gesto que havia bloqueado no sábado.
Israel justificou esse atraso pelas "cerimônias humilhantes" organizadas pelo Hamas em cada troca de reféns, criticadas também pela ONU e a Cruz Vermelha.
- 'Preferiram a vingança' -
Um dos casos que mais chocou Israel foi a entrega na semana passada de quatro corpos, entre eles os dos meninos Ariel e Kfir Bibas, cujos caixões foram expostos diante de uma imagem de Netanyahu retratado como um vampiro.
O caso gerou ainda mais comoção quando as autoridades israelenses denunciaram que os meninos tinham sido assassinados a "sangue frio" e que o suposto cadáver de sua mãe, a mulher de origem argentina Shiri Bibas, não correspondia a nenhum refém.
O Hamas reconheceu o erro e entregou posteriormente os restos mortais da mãe, que foi enterrada nesta quarta-feira junto de seus filhos em um cemitério próximo do kibutz Nir Oz, onde foram sequestrados em 7 de outubro de 2023.
A família Bibas, cujos filhos tinham quatro anos e oito meses e meio no momento do sequestro, se tornou um símbolo da tragédia dos reféns israelenses.
Milhares de pessoas se reuniram ao lado de ruas e estradas para acompanhar seu cortejo fúnebre e o Parlamento israelense guardou um minuto de silêncio em sua homenagem e de outras vítimas.
O pai, Yarden Bibas, também sequestrado, mas libertado este mês, homenageou durante o funeral sua "família perfeita". "Shiri, sinto muito por não ter conseguido proteger a todos", disse.
Durante a cerimônia, a família instou os dirigentes israelenses a assumirem responsabilidade pela morte de seus parentes. "Poderiam ter salvado eles, mas preferiram a vingança", disse Ofri Bibas, cunhada de Shiri.
- Acordo frágil -
O frágil acordo esteve à beira do colapso várias vezes, porque os dois lados têm-se acusado mutuamente de violações. O Exército israelense afirmou nesta quarta-feira que havia bombardeado postos de lançamento de projéteis em Gaza, após identificar um disparo.
Na noite de terça-feira, o enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, relatou "muito progresso" em virtude de uma retomada das negociações sobre as condições da segunda fase.
Segundo ele, Israel enviaria uma equipe de negociadores "a Doha e ao Cairo, onde as conversas serão reiniciadas". No entanto, Israel não confirmou tal informação.
A terceira e última fase da trégua deve focar na reconstrução da devastada Faixa de Gaza.
Israel prometeu destruir o Hamas após os ataques de 7 de outubro, que deixaram mais de 1.200 mortos, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP feito com base em números oficiais.
A resposta israelense em Gaza matou mais de 48.000 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas. A ONU considera que esses números são confiáveis.
H.Dierckx--JdB