Journal De Bruxelles - Mediadores fecham acordo para troca de presos palestinos por corpos de reféns israelenses

Mediadores fecham acordo para troca de presos palestinos por corpos de reféns israelenses
Mediadores fecham acordo para troca de presos palestinos por corpos de reféns israelenses / foto: Bashar TALEB - AFP

Mediadores fecham acordo para troca de presos palestinos por corpos de reféns israelenses

Os países mediadores entre Israel e Hamas alcançaram um acordo para trocar todos os prisioneiros palestinos que deveriam ter sido libertados na semana passada pelos corpos de quatro reféns israelenses, afirmou nesta terça-feira (25) um meio de comunicação próximo ao Estado egípcio.

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O movimento islamista palestino confirmou o pacto, alcançado sob supervisão egípcia, e destacou que está enquadrado na primeira fase do acordo de trégua na Faixa de Gaza.

No domingo, o Hamas acusou Israel de colocar em perigo a trégua vigente há cinco semanas em Gaza ao atrasar a libertação prevista de mais de 600 presos palestinos.

Israel justificou esse atraso pela forma em que o Hamas realizou a entrega de 25 reféns desde o início do cessar-fogo, com milicianos mascarados escoltando os reféns até palanques decorados com slogans do movimento.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, denunciou esses métodos como "cerimônias humilhantes".

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que faz a ponte entre o Hamas e as autoridades israelenses nessas trocas, reivindicou que essas libertações sejam feitas "de forma digna e privada".

Na semana passada, a devolução dos corpos de quatro reféns, entre eles duas crianças pequenas, foi especialmente controversa porque o Hamas expôs seus caixões ao lado de imagens manipuladas de Netanyahu retratado como um vampiro.

O caso se agravou depois que uma análise forense revelou que o suposto cadáver da mãe desses meninos, a israelense de origem argentina Shiri Bibas, não correspondia a nenhum refém israelense.

O Hamas reconheceu um possível erro e entregou, um dia depois, o corpo da mulher, que será enterrado nesta quarta-feira junto aos de seus filhos Ariel e Kfir, que tinham quatro anos e oito meses e meio no momento do sequestro.

As autoridades israelenses também denunciaram que os dois meninos haviam sido assassinados "a sangue frio", desmentindo a versão do Hamas de que morreram em um bombardeio do Exército israelense.

Depois da controvérsia, o Hamas libertou no sábado seis reféns israelenses, mas Israel adiou a libertação dos 600 presos palestinos correspondentes à sétima troca desta trégua.

- Extensão da trégua -

O acordo forjado por Catar, Egito e Estados Unidos como países mediadores pôs fim a mais de 15 meses de guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.215 pessoas.

Os milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas, das quais 62 permanecem cativas em Gaza, embora o Exército israelense considere que 35 delas estão mortas.

Em resposta ao ataque do Hamas, Israel lançou uma operação militar devastadora na Faixa de Gaza que destruiu o território e matou pelo menos 48.319 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, no poder em Gaza.

Nesta primeira fase da trégua, o movimento islamista libertou 25 reféns e devolveu os restos mortais de quatro pessoas em troca da libertação de 1.100 palestinos presos em instalações israelenses.

Ambas as partes devem negociar agora a segunda fase da trégua, na qual devem retornar o restante dos reféns e encerrar a guerra.

O enviado do presidente americano Donald Trump, Steve Witkoff, viaja esta semana ao Oriente Médio para "conseguir uma extensão da primeira fase" da trégua.

"Confiamos que teremos o tempo adequado [...] para começar a fase dois, terminá-la e conseguir que mais reféns sejam libertados", disse Witkoff à emissora americana CNN.

Contudo, a continuidade do cessar-fogo está na berlinda. Embora a trégua tenha sido respeitada até agora em grande medida, ambas as partes se acusam de violações.

Ademais, a ideia de Donald Trump de deslocar a população de Gaza para outros países e transformar a Faixa em um destino turístico azedou as conversas sobre qual deve ser o futuro do território.

Na segunda-feira, Netanyahu advertiu que o seu Exército está preparado "para retomar os combates intensos a qualquer momento".

R.Vercruysse--JdB