Journal De Bruxelles - Zelensky pede paz 'este ano' no terceiro aniversário da invasão russa

Zelensky pede paz 'este ano' no terceiro aniversário da invasão russa
Zelensky pede paz 'este ano' no terceiro aniversário da invasão russa / foto: Tetiana DZHAFAROVA - AFP

Zelensky pede paz 'este ano' no terceiro aniversário da invasão russa

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu nesta segunda-feira (24) uma "paz real e duradoura" para este ano, na presença de vários líderes estrangeiros aliados que viajaram a Kiev para reafirmar seu apoio à Ucrânia no terceiro aniversário da invasão russa.

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A Rússia disse que está disposta a negociar a guerra, mas só pararia de lutar quando um acordo de paz "fosse conveniente" para ela, e acusou a Europa de querer continuar com as hostilidades.

"Este ano deve ser o começo de uma paz real e duradoura. Putin não nos dará paz, nem em troca de algo. Devemos ganhar a paz por meio da força, sabedoria e unidade", disse Zelensky.

Para marcar o aniversário do conflito e reafirmar seu apoio, vários líderes estrangeiros viajaram para Kiev nesta segunda-feira, incluindo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez.

Von der Leyen alertou que, apesar de ter iniciado negociações com os Estados Unidos sobre como acabar com o conflito, o objetivo do presidente russo, Vladimir Putin, "continua sendo a capitulação da Ucrânia".

Esta é a "crise mais central e transcendental para o futuro da Europa", declarou ela na cúpula, onde anunciou uma nova ajuda de 3,5 bilhões de euros (US$ 3,66 bilhões ou R$ 20,8 bilhões) para a Ucrânia.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse por videoconferência que apoia firmemente "a integridade territorial, a soberania e a independência da Ucrânia" e enfatizou que ambos os lados devem ser representados "de forma justa" nas negociações.

- Acordo que "convenha" à Rússia -

Enquanto os líderes dos países aliados da Ucrânia se reuniam para expressar seu apoio e aplaudir a resistência de Kiev, destacou-se a notória ausência dos Estados Unidos.

O presidente americano, Donald Trump, se alinhou com a postura da Rússia, culpando a Ucrânia pelo início do conflito em 24 de fevereiro de 2022, e iniciou negociações com Moscou sem a participação ucraniana ou europeia.

Trump também insiste em recuperar o montante de ajuda fornecida a Kiev desde o início do conflito por meio do acesso aos recursos minerais ucranianos.

Kiev disse nesta segunda-feira que estava nas "fases finais" para chegar a um acordo com Washington.

A Rússia, por sua vez, não esconde sua satisfação desde que Trump quebrou o isolamento ocidental de Putin e abriu negociações bilaterais.

"Cessaremos as hostilidades somente quando essas negociações produzirem um resultado firme e sustentável que convenha à Federação Russa", declarou o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, que está de visita na Turquia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que "os europeus continuam no caminho das sanções, no caminho da convicção sobre a necessidade de continuar a guerra", em resposta a um novo pacote de sanções imposto por Bruxelas.

- "Nada a perder" -

A inflexão dos EUA após três anos de apoio militar ininterrupto surpreendeu muitos ucranianos, que temem que seu país seja forçado a aceitar concessões territoriais em troca de um cessar-fogo.

Em um movimento repleto de indiretas, Washington propôs um projeto de resolução à Assembleia Geral da ONU que não menciona a integridade territorial da Ucrânia.

Se o presidente ucraniano concordar em entregar as regiões que atualmente ocupa à Rússia, "os rapazes que agora estão lutando por nossa terra (...) não ouvirão Zelensky e continuaremos pressionando", alerta Oleksander, comandante de uma unidade de assalto da 93ª brigada.

Muitos homens já perderam "suas casas, suas famílias, seus filhos" e não têm "mais nada a perder", diz o militar ucraniano.

A China, um importante apoio político de Moscou que nunca condenou a invasão da Ucrânia, respaldou nesta segunda-feira os "esforços positivos" da Rússia para "acalmar" a crise, em um telefonema entre o presidente Xi Jinping e Putin, de acordo com a imprensa estatal chinesa.

Na frente de batalha, um incêndio foi registrado na refinaria de petróleo de Ryazan, uma das maiores da Rússia, ao sul de Moscou, após um ataque de drones ucranianos, segundo as autoridades.

W.Dupont--JdB