Enviado de Trump pedirá a Maduro que repatrie 'criminosos sem condições'
Os Estados Unidos anunciaram, nesta sexta-feira (31), que um enviado especial de Donald Trump pedirá ao presidente Nicolás Maduro que repatrie "todos os criminosos e membros de gangues venezuelanos" sem condições, pois, caso contrário, "haverá consequências".
O enviado para missões especiais, Richard Grenell, viajou a Caracas para falar com o mandatário.
"O presidente Trump espera que Nicolás Maduro recupere todos os criminosos e membros de gangues venezuelanos que foram exportados para os Estados Unidos e que o faça de maneira inequívoca e sem condições", declarou o enviado especial dos Estados Unidos para a América Latina, Mauricio Claver-Carone, em uma coletiva de imprensa.
Grenell também insistirá que "os reféns americanos que estão retidos na Venezuela (...) devem ser libertados imediatamente", acrescentou.
"Do contrário, haverá consequências", advertiu, porque "isso não é uma negociação em troca de algo".
Assim que retornou à Casa Branca para um segundo mandato, em 20 de janeiro, Trump assinou um decreto que declara os cartéis mexicanos e a gangue venezuelana Tren de Aragua como "organizações terroristas".
Mas o republicano não considera criminosos apenas os membros desse grupo, que surgiu em uma prisão na Venezuela e se espalhou por vários países. Ele também classifica como criminosos todos os migrantes que entraram ilegalmente nos Estados Unidos.
E quer expulsar o maior número possível deles.
Trump, no entanto, encontra resistência de países como Venezuela, Nicarágua e Cuba, que relutam em aceitá-los de volta. Além disso, houve uma crise com outros países que costumam recebê-los, como a Colômbia, devido às deportações realizadas em aviões militares e, às vezes, com os deportados algemados.
- "Eles têm que aceitá-los" -
"A Venezuela tem que aceitá-los, é sua responsabilidade", enfatizou Claver-Carone.
A administração republicana está aplicando medidas rigorosas contra a imigração ilegal: lançou operações para capturar imigrantes em várias cidades e revogou as vias legais estabelecidas por seu antecessor democrata, Joe Biden, que permitiam a entrada legal e a solicitação de asilo.
Entre essas medidas, revogou nesta semana um programa de proteção migratória conhecido como TPS, que evitava a deportação de mais de 600 mil venezuelanos dos Estados Unidos.
Claver-Carone não especificou quando ocorrerá o encontro entre Grenell e Maduro, mas garantiu que a visita "não muda" as prioridades do presidente republicano "com relação à Venezuela e ao que ele gostaria de ver" no país.
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, defende "a restauração da democracia na Venezuela" e formalizou o apoio da nova administração ao líder opositor venezuelano Edmundo González Urrutia. Este denuncia a reeleição de Maduro como uma fraude e reivindica a vitória nas urnas.
No mesmo dia de sua posse, Trump, que considera González Urrutia o "presidente eleito" da Venezuela, deixou claro que os Estados Unidos não estão interessados no petróleo venezuelano e que "provavelmente" deixarão de comprá-lo.
Vários congressistas republicanos pedem que Washington cancele as licenças individuais que permitem a algumas petrolíferas operar na Venezuela, como a americana Chevron, a espanhola Repsol e a francesa Maurel & Prom.
Durante seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, Trump considerou fraudulenta a reeleição de Maduro e impôs à Venezuela uma série de sanções, incluindo um embargo ao petróleo e ao gás, como forma de pressão para tentar provocar sua queda. Em vão.
"Era um grande país há 20 anos e agora é um desastre", declarou Trump no dia da posse.
A crise na Venezuela será um dos temas que Marco Rubio abordará a partir deste sábado em uma viagem por Panamá, Costa Rica, El Salvador, Guatemala e República Dominicana.
Claver-Carone afirmou que esses cinco países são "aliados" na condenação das "eleições roubadas na Venezuela por Nicolás Maduro" no último mês de julho.
R.Cornelis--JdB