Journal De Bruxelles - Biden retira Cuba da lista de terrorismo para facilitar libertação de presos políticos

Biden retira Cuba da lista de terrorismo para facilitar libertação de presos políticos
Biden retira Cuba da lista de terrorismo para facilitar libertação de presos políticos / foto: ALEX WONG - GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP/Arquivos

Biden retira Cuba da lista de terrorismo para facilitar libertação de presos políticos

O presidente em fim de mandato dos Estados Unidos, Joe Biden, decidiu, nesta terça-feira (14), retirar Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo para fomentar a libertação de um número "significativo" de presos políticos, um decisão aplaudida por Havana.

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"Foi concluída uma avaliação, e não temos informações que apoiem a designação de Cuba como patrocinador estatal do terrorismo", afirmou um alto funcionário americano, que pediu o anonimato, durante uma coletiva de imprensa telemática.

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, afirmou que Washington atua "na direção correta", mas se queixou de que "o bloqueio permanece".

É "um gesto de boa vontade com o objetivo de facilitar a libertação das pessoas detidas injustamente" em Cuba, disse o funcionário americano.

Biden enviou na tarde desta terça um relatório ao Congresso sobre "a proposta de revogação da designação de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo", informou a Casa Branca.

Washington afirma ter realizado gestões "com uma série de atores, incluindo a Igreja Católica".

O objetivo é criar "um ambiente" que favoreça "a libertação dos defensores dos direitos humanos", incluídas as pessoas "detidas durante os protestos de julho de 2021", explicou a fonte.

"Achamos que o número de pessoas libertadas será significativo", afirmou.

O alto funcionário não quis entrar em detalhe, mas disse que a libertação "aconteceria em um prazo relativamente curto". Alguns presos serão liberados "antes de a administração Biden terminar em 20 de janeiro", explicou.

A decisão tomada pelo presidente democrata, que tem menos de uma semana no cargo, pode ser revertida pelo governo do republicano Donald Trump.

Como futuro chefe da diplomacia, o magnata escolheu Marco Rubio, um filho de imigrantes cubanos bastante crítico do governo castrista de Cuba.

À pergunta de se os democratas fizeram gestões com o novo governo republicano, o alto funcionário afirmou que há "comunicação regular sobre uma variedade de temas, e este é um dos assuntos" tratados.

Por mais de seis décadas, Washington impõe a Cuba um embargo comercial que Trump endureceu em seu primeiro mandato (2017-2021), ao voltar a incluir a ilha na lista de patrocinadores do terrorismo, uma medida que cria obstáculos às transações e aos investimentos externos porque as empresas ficam expostas a sanções americanas.

Ao chegar à Casa Branca em 2021, Biden prometeu revisar a política sobre Cuba, mas mudou de opinião após as manifestações antigovernamentais de julho daquele ano na ilha, que tiveram como saldo um morto e dezenas de feridos, e depois das quais centenas de manifestantes seguem presos.

- 'Medidas unilaterais' -

Biden também decidiu nesta terça tomar outras duas "medidas unilaterais", segundo o alto funcionário, "com a intenção de ajudar o povo cubano".

Na prática, derrubam decisões adotadas por Trump em seu primeiro mandato.

Por um lado, suspenderá a capacidade dos americanos "para entrar com ações nos tribunais de seu país a respeito de propriedades cubanas potencialmente expropriadas", informou o funcionário.

Para isso, emitiu uma suspensão por seis meses, a partir de 29 de janeiro de 2025, do título 3 da lei Helms-Burton, que permite aos americanos recorrer ao tribunais pelas propriedades expropriadas pelo governo cubano desde 1959.

Este título da lei, aprovada em 1996, foi ativado por Trump.

O octogenário democrata também vai rescindir um memorando promulgado em junho de 2017 em virtude do qual uma lista de entidades cubanas estão proibidas de realizar algumas transações financeiras.

No geral, o memorando proíbe as transações financeiras diretas com algumas entidades por estimar que beneficiariam desproporcionalmente os serviços de segurança ou inteligência cubanos, às custas da população e das empresas privadas cubanas.

Cuba atravessa uma grave crise que levou centenas de milhares de pessoas a emigrar para os Estados Unidos nos últimos dois anos, tanto de forma irregular quanto legal, segundo dados oficiais.

M.Kohnen--JdB