Journal De Bruxelles - Trump reitera ambições territoriais dos EUA

Trump reitera ambições territoriais dos EUA
Trump reitera ambições territoriais dos EUA / foto: JIM WATSON - AFP/Arquivos

Trump reitera ambições territoriais dos EUA

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, não descartou nesta terça-feira (7) ações militares que lhe permitam assumir o controle do Canal do Panamá ou da Groenlândia.

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Embora a entrevista coletiva que concedeu em sua residência na Flórida devesse abordar um investimento bilionário dos Emirados Árabes para a construção de novos centros de dados nos Estados Unidos, o republicano mencionou brevemente esse assunto e discorreu por mais de uma hora sobre outros temas.

Questionado se poderia garantir que não usaria as Forças Armadas para anexar o Canal do Panamá - uma artéria vital da navegação mundial - e a Groenlândia - um território autônomo da Dinamarca -, Trump respondeu: "Posso dizer o seguinte: precisamos deles por razões de segurança econômica. Não vou me comprometer com isso. Pode ser que tenhamos que fazer algo."

- Canadá -

"Desde que vencemos as eleições, a percepção do mundo é diferente. Pessoas de outros países me telefonaram e disseram: 'Obrigado, obrigado'", afirmou Trump, ao apresentar sua agenda para os próximos quatro anos.

Eliminar a fronteira "artificialmente traçada" entre os Estados Unidos e o Canadá seria uma grande ajuda para a segurança nacional, ressaltou o republicano.

Após o anúncio da renúncia do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, Trump avaliou que o Canadá deveria se fundir com os Estados Unidos, um comentário que irritou o país vizinho.

"Os comentários de Trump mostram uma falta de compreensão total do que torna o Canadá um país forte. Não recuaremos jamais diante das ameaças", publicou hoje no X a chanceler canadense, Melanie Joly. Trudeau acrescentou: "O Canadá jamais fará parte dos Estados Unidos."

Trump já havia dito que gostaria de recuperar o Canal do Panamá - construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914 - se o preço do pedágio para os navios americanos não fosse reduzido. Hoje, ele voltou a criticar o acordo que transferiu em 1999 o controle do canal para o Panamá.

Antes do Natal, Trump também disse que, "pelo bem da segurança nacional e da liberdade em todo o mundo, os Estados Unidos acreditam que a propriedade e o controle da Groenlândia são uma necessidade absoluta".

Donald Trump Jr., filho do presidente eleito, chegou hoje como turista a esse território autônomo e afirmou que não tinha nenhuma reunião oficial agendada. Ainda assim, declarou que eliminar a fronteira "traçada artificialmente" entre os Estados Unidos e o Canadá representaria uma grande ajuda à segurança nacional.

- Otan -

Trump reiterou suas críticas à Otan e pressionou os membros da aliança a aumentar seus gastos com a defesa para 5% do PIB, alegando que esses países pagam pouco pela proteção americana.

Trump não esconde o pouco respeito que tem pela aliança do Atlântico, pilar da segurança na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Durante sua campanha eleitoral, ele semeou o pânico ao ameaçar eliminar as garantias de proteção aos países da aliança frente à Rússia se eles não aumentassem os gastos com a defesa.

Em outro anúncio impactante, porém sem grandes consequências, Trump sugeriu que os Estados Unidos trocariam o nome do Golfo do México por Golfo da América. "Que nome bonito!", exclamou, antes de arremeter contra o México, afirmando que esse país "tem que deixar de permitir que milhões de pessoas entrem", referindo-se aos milhares de imigrantes que entram pela fronteira sul dos Estados Unidos de forma clandestina.

W.Wouters--JdB