Journal De Bruxelles - Premiê francês enfrentará moção de censura após aprovar parte do orçamento sem voto parlamentar

Premiê francês enfrentará moção de censura após aprovar parte do orçamento sem voto parlamentar
Premiê francês enfrentará moção de censura após aprovar parte do orçamento sem voto parlamentar / foto: STEPHANE DE SAKUTIN - AFP

Premiê francês enfrentará moção de censura após aprovar parte do orçamento sem voto parlamentar

O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, pode enfrentar um fim de mandato abrupto depois de os principais partidos da oposição afirmarem, nesta segunda-feira (2), que vão apoiar uma moção de censura contra seu governo, no poder há apenas três meses.

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O chefe de governo conservador ativou, nesta segunda, um procedimento parlamentar polêmico para aprovar parte do orçamento sem submetê-lo a votação, por ter certeza de que a Câmara baixa do Parlamento lhe negaria a maioria.

"Agora, cabe a vocês, deputados, decidir se nosso país dota-se de textos financeiros responsáveis, essenciais e úteis para nossos concidadãos. Ou se estamos entrando em território desconhecido", disse Barnier perante a Assembleia Nacional.

O primeiro-ministro francês tomou a decisão apesar de a esquerda e a extrema direita ameaçarem com uma moção de censura caso ele lançasse mão desta ferramenta.

Após o anúncio de Barnier, a França Insubmissa (LFI, esquerda radical) anunciou que apresentaria uma moção de censura.

O primeiro-ministro "enfrentará, nesta quarta-feira, tanto a desonra quanto a censura", disse Mathilde Panot, líder do partido no Parlamento.

O Reagrupamento Nacional (RN, extrema direita), o partido com mais deputados no Parlamento, informou que apoiará uma moção da esquerda e que apresentará uma própria.

O RN "votará pela censura" do governo de Barnier, nomeado em setembro pelo presidente de centro direita francês, Emmanuel Macron, informou o grupo na rede X.

A adoção de uma moção de censura na França exige os votos de pelo menos 288 deputados.

Se a extrema direita e o conjunto da esquerda votar a favor, o governo minoritário de centro direita cairá. Uma votação está prevista para a quarta-feira.

A segunda economia da União Europeia está mergulhada em uma crise política desde que Macron decidiu antecipar as eleições legislativas, previstas para 2027, o que resultou em um Legislativo sem maioria clara.

- Concessões -

Nos últimos dias, Barnier multiplicou as concessões à extrema direita, da qual depende a sobrevivência do partido, para evitar que seus deputados apoiem uma moção de censura da esquerda durante a tramitação de aprovação do orçamento de 2025.

Se o governo cair, será a primeira moção de censura a prosperar desde a derrota do Executivo de Georges Pompidou, em 1962, quando Charles de Gaulle era o presidente.

O governo de Barnier também seria o mais curto da V República francesa, iniciada em 1958.

Esta é a primeira vez que Barnier ativa o artigo 49.3 da Constituição, que permite aprovar uma lei sem passar pela votação dos deputados.

A queda de seu governo aprofundaria a crise política na França. Algumas vozes, inclusive da direita no governo com Macron, consideram que a única saída seria, então, a demissão do presidente, cujo mandato termina em 2027.

Nos últimos dias, o governo advertiu para a possibilidade de que ocorra uma "tempestade" econômica em caso de uma moção de censura.

O processo de adoção do orçamento é complexo na França e a votação desta segunda é a primeira de uma longa série até meados de dezembro.

A.Parmentier--JdB