Journal De Bruxelles - Presidente da Ucrânia quer garantias da Otan antes de negociar com Rússia

Presidente da Ucrânia quer garantias da Otan antes de negociar com Rússia
Presidente da Ucrânia quer garantias da Otan antes de negociar com Rússia / foto: Tetiana Dzhafarova - AFP

Presidente da Ucrânia quer garantias da Otan antes de negociar com Rússia

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou, neste domingo (1º), que seu país precisa de armas e garantias de segurança por parte da Otan, antes de qualquer eventual negociação com a Rússia para pôr fim ao conflito armado.

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Zelensky fez essas declarações em uma coletiva de imprensa junto com o novo presidente do Conselho Europeu, o português António Costa, que viajou à Ucrânia no primeiro dia de seu mandato.

Costa viajou acompanhado da nova responsável pela diplomacia da União Europeia, a estoniana Kaja Kallas, e da comissária de Ampliação, a eslovena Marta Kos.

Em suas declarações, Zelensky disse que um convite da Otan à Ucrânia para se unir à aliança militar transatlântica era necessário para a "sobrevivência" do país. Por isso, pediu armas e garantias de segurança.

"Somente quando tivermos todos esses elementos e em posição de força, teremos que fazer a muito importante agenda de nos reunir com os assassinos", disse, em referência à Rússia.

Entre o armamento que pediu, o líder ucraniano destacou os projéteis de longo alcance.

A viagem de altos funcionários da UE a Kiev acontece em um contexto de muita tensão entre Moscou e os países do Ocidente, após os disparos feitos pela Ucrânia com mísseis americanos e britânicos contra o território russo e o lançamento de um míssil hipersônico experimental por parte da Rússia.

A nova equipe de dirigentes da UE tenta mostrar seu firme apoio a Kiev.

As forças ucranianas estão perdendo terreno no front, e a iminente chegada de Donald Trump à Casa Branca ameaça a continuidade da ajuda de Washington aos ucranianos.

"Viemos com a mensagem clara de que apoiamos a Ucrânia e seguimos oferecendo todo o nosso apoio", disse Costa aos meios de comunicação que o acompanhavam, entre eles a AFP.

"A situação na Ucrânia é muito grave", frisou Kallas, que, contudo, acrescentou que "isso claramente também tem um custo muito alto para a Rússia".

- Cessar-fogo? -

Para pôr fim ao conflito, Moscou exige que a Ucrânia ceda quatro províncias do sul e do leste que a Rússia ocupa parcialmente, além da península da Crimeia, anexada em 2014, e que também renuncie à adesão à Otan.

Para Kallas, "a garantia de segurança mais forte" para a Ucrânia é justamente "a adesão à Otan".

"Se a Ucrânia decidir traçar uma linha em alguma parte, como podemos garantir a paz para que [Vladimir] Putin não vá mais adiante?", disse.

No entanto, altos funcionários da Otan estimam que há pouca chance de a aliança militar conceder em breve à Ucrânia o status de membro, tendo em conta a oposição de muitos países, que temem entrar em guerra com a Rússia.

Sobre o envio de tropas europeias ao território ucraniano, a nova titular da política externa europeia assegurou que o bloco não deveria excluir nada, se for o caso de garantir um possível cessar-fogo. Esta medida é outra das iniciativas que envolve um risco de conflito direto com Moscou.

"Temos que manter uma ambiguidade estratégica sobre este tema", acrescentou.

- Convencer Trump -

Desde o início da invasão russa em 2022, a Europa forneceu cerca de 125 bilhões de dólares (R$ 756 bilhões, na cotação atual) em apoio à Ucrânia. Os Estados Unidos, por sua vez, enviaram mais de 90 bilhões de dólares (R$ 545 bilhões), segundo um estudo do Instituto Kiel.

O futuro do apoio de Washington está em perigo, já que Trump não cessa suas críticas a essas somas colossais de ajuda a Kiev e deu a entender que queria acabar com conflito o mais breve possível.

Kallas assegurou que a UE utilizará uma "linguagem transacional" para tentar convencer o magnata americano de que apoiar a Ucrânia também é benéfico para os Estados Unidos.

"A ajuda à Ucrânia não é caridade. Uma vitória da Rússia encorajaria definitivamente a China, o Irã e a Coreia do Norte", acrescentou.

M.Kohnen--JdB