Journal De Bruxelles - Acordo político rompe bloqueio para aprovar nova composição da Comissão Europeia

Acordo político rompe bloqueio para aprovar nova composição da Comissão Europeia
Acordo político rompe bloqueio para aprovar nova composição da Comissão Europeia / foto: Óscar del Pozo - AFP

Acordo político rompe bloqueio para aprovar nova composição da Comissão Europeia

Os três maiores blocos políticos do Parlamento Europeu chegaram a um acordo nesta quarta-feira (20) que abre caminho para a aprovação da composição da nova Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, incluindo a espanhola Teresa Ribera como primeira vice-presidente.

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O acordo foi alcançado pelos blocos do Partido Popular Europeu (PPE, direita), Socialistas e Democratas (S&D, centro esquerda) e Renew (liberais centristas), que formam o pilar central das principais decisões do Parlamento Europeu.

A nomeação de Ribera foi contestada pelo Partido Popular Espanhol (PP, direita), em uma posição que foi acompanhada pela maioria do PPE, bloqueando assim a aprovação de seu nome.

Enquanto isso, o S&D e o Renew se opuseram à nomeação do italiano Raffaele Fitto, do partido italiano de extrema direita Irmãos da Itália, como outro dos vice-presidentes da Comissão.

As audiências dos indicados para compor a Comissão Europeia começaram em 4 de novembro e, inicialmente, os blocos seguiram a tradição de não bloquear nomes defendidos por partidos aliados.

Entretanto, esse entendimento foi quebrado durante a audiência de Ribera, cuja renúncia foi exigida pelo PP espanhol por seu desempenho como ministra da Transição Ecológica durante o desastre das enchentes que devastaram a região de Valência.

O PPE apoiou as exigências de seu aliado espanhol e exigiu que os social-democratas retirassem suas objeções à aprovação de Fitto para dar luz verde a Ribera.

Os social-democratas e os liberais também questionaram a nomeação do húngaro Oliver Varhelyi, um aliado do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.

Assim, uma disputa política interna espanhola cresceu e ameaçou a aprovação da nova Comissão Europeia.

- Impasse político generalizado -

A gravidade da situação motivou a intervenção da própria presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, cuja candidatura havia sido lançada pelo PPE e recebeu os votos favoráveis do S&D e do Renew.

Com o acordo desta quarta-feira, Ribera será aprovada como vice-presidente-executiva da Comissão e comissária europeia para Transição Limpa e Concorrência, e Fitto como Vice-presidente e Comissário Europeu para Coesão e Reformas.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse que a confirmação de Fito está "à altura" do papel da Itália "como país fundador da UE, o segundo maior fabricante na Europa e a terceira economia do continente".

Também foram aprovados como vice-presidentes Kaja Kallas, da Estônia, como chefe da diplomacia do bloco, Roxana Minzatu, da Bulgária (Empoderamento da População), Stéphane Séjourné, da França (Estratégia Industrial) e Henna Virkkunen, da Finlândia (Soberania Tecnológica).

Varhelyi, por sua vez, seria aprovado como Comissário Europeu para Saúde e Bem-Estar Animal.

No acordo, ao qual a AFP teve acesso, os três grandes grupos do Parlamento Europeu prometeram "trabalhar juntos" de forma "construtiva" e defender os "valores" europeus na Eurocâmara.

Também se comprometeram a "cooperar" em uma série de temas, como o incentivo à concorrência e as capacidades de defesa do bloco.

Antes do pacto, Ribera teve que comparecer ao Congresso espanhol, onde defendeu as ações das agências governamentais no desastre de Valência.

Ribera defendeu o trabalho de duas entidades ligadas ao seu Ministério, a agência meteorológica estatal (Aemet) e a Confederação Hidrográfica do (rio) Júcar, que emitiram avisos e alertas antes e durante a tragédia que deixou 227 mortos.

Desta forma, o acordo selado por PPE, S&D e Renew abre caminho para a aprovação de todos os candidatos às seis vice-presidências da Comissão Europeia e abre caminho para a ratificação de todo o pacote.

O Parlamento Europeu deverá realizar uma sessão plenária no dia 27 de novembro em sua sede em Estrasburgo, na França, para votar a aprovação da nova Comissão.

E.Goossens--JdB