Confronto entre presos deixa 15 mortos em prisão no Equador
Ao menos 15 detentos morreram e outros 14 ficaram feridos em um novo confronto entre presos ocorrido nesta terça-feira (12) em uma conturbada prisão no porto equatoriano de Guayaquil, no primeiro massacre em uma prisão enfrentado pelo presidente Daniel Noboa em meio à sua guerra contra o crime.
Nas imagens captadas pela AFP, é possível ver uma dezena de corpos enrolados em cobertores e deitados em um pátio de cimento, enquanto um grupo de quatro reclusos com uniformes laranja deposita outro corpo.
"Nesta madrugada, em um pavilhão específico da Penitenciária do Litoral, foram registrados incidentes graves entre Pessoas Privadas de Liberdade (PPL), dos quais resultou um balanço preliminar de 15 mortos e 14 feridos", informou em comunicado o órgão estatal encarregado das prisões (SNAI).
Um bloco de segurança, composto por polícias e militares, iniciou uma "busca em grande escala" no interior da prisão, acrescentou a entidade, sem registrar fugas.
Vídeos da AFP mostram um forte destacamento de policiais em outra parte da prisão e dezenas de presos sentados próximos uns dos outros e monitorados pelas forças de segurança.
O complexo penitenciário de Guayaquil (sudoeste), que inclui a Penitenciária do Litoral, é um cenário frequente de assassinatos brutais, por vezes com corpos desmembrados e queimados em grandes fogueiras. O pior foi registrado em setembro de 2021, quando 119 detentos foram cruelmente assassinados.
Diversos confrontos entre presos de facções criminosas rivais já ocorreram em prisões no Equador, o que as autoridades atribuem a disputas de poder pelo controle da distribuição de cocaína para Estados Unidos e Europa.
Considerados entre os piores massacres deste tipo na América Latina, estes conflitos no Equador já deixaram mais de 460 detentos mortos desde fevereiro de 2021. No passado, foram até mesmo transmitidos ao vivo nas redes sociais.
- "Sob controle" -
O SNAI indicou que após os "graves incidentes", a Penitenciária do Litoral, com cerca de 6.800 pessoas e a maior do país, ficou "sob controle absoluto" da força pública, incluindo os militares responsáveis pelas prisões.
"Um contingente significativo de militares e policiais foi destacado para garantir a segurança e prevenir novos incidentes", acrescentou.
Desde janeiro, quando Noboa declarou um conflito armado interno para combater uma série de grupos criminosos considerados "terroristas", as prisões têm tido presença militar.
Organizações de direitos humanos denunciam abusos e falta de alimentos para os detentos. E em audiências públicas, alguns prisioneiros relataram que foram espancados e receberam choques elétricos das forças de segurança.
Em sua dura política contra o crime, Noboa propôs uma reforma constitucional para que os presos não sejam mais considerados uma população de "atenção prioritária", um status que obriga o Estado a garantir seus direitos básicos com atenção especial.
"Prioridade somente para aqueles que precisam e merecem", escreveu ele na semana passada no X.
A violência que começou nas prisões do Equador anos atrás se transferiu para as ruas. A taxa de homicídios do Equador subiu de seis a cada 100.000 habitantes em 2018 para um recorde de 47 em 2023.
Com uma localização privilegiada no Pacífico e entre Colômbia e Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador também enfrenta um aumento no tráfico de drogas.
O país já apreendeu cerca de 249 toneladas de drogas em 2024, superando as 219 toneladas apreendidas em 2023.
C.Bertrand--JdB