Journal De Bruxelles - Autoridade eleitoral da Colômbia investiga Petro, que denuncia 'golpe de Estado'

Autoridade eleitoral da Colômbia investiga Petro, que denuncia 'golpe de Estado'
Autoridade eleitoral da Colômbia investiga Petro, que denuncia 'golpe de Estado' / foto: KENA BETANCUR - AFP

Autoridade eleitoral da Colômbia investiga Petro, que denuncia 'golpe de Estado'

A autoridade eleitoral da Colômbia (CNE) decidiu, nesta terça-feira (8), iniciar uma investigação administrativa contra Gustavo Petro por suspeita de violação dos limites de gastos em sua campanha de 2022, uma averiguação que o presidente classificou como tentativa de "golpe de Estado".

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A Petro e alguns dirigentes de sua equipe de campanha "é atribuída a suposta violação do limite de gastos" no equivalente a cerca de 925.000 dólares (aproximadamente R$ 4,8 milhões, na cotação da época), disse em coletiva de imprensa o presidente do CNE, César Lorduy.

O mandatário de esquerda pode ser multado, mas não está sujeito à perda do cargo. No entanto, especialistas indicam que o Conselho pode remeter uma cópia da investigação à Câmara de Representantes (baixa) para que o presidente seja submetido a um julgamento político.

Entre os investigados está Ricardo Roa, gerente da campanha de Petro para se eleger em 2022 e atual diretor da petroleira estatal Ecopetrol, e sua tesoureira, além de dirigentes da Colômbia Humana e União Patriótica, principais movimentos políticos de esquerda do país.

Desde que começaram as averiguações sobre essas supostas irregularidades, o presidente insiste em que a autoridade eleitoral está sendo usada para derrubá-lo.

"Começou o golpe de Estado", escreveu imediatamente na rede social X. Em seguida, durante um evento público, convocou protestos.

"O presidente chegará até onde o povo disser (...) Chegou o momento de se mexer (...) Acham que têm o direito de debochar do voto popular e aqui não há um povo ajoelhado", disse.

- Dinheiro do tráfico -

O magistrado Lorduy acrescentou que, de agora em diante, os investigados poderão "exercer o direito de defesa e contradição" perante o organismo.

Segundo o CNE, a campanha teria decidido omitir a comunicação de alguns gastos com propaganda eleitoral. Tampouco registrou aportes do principal sindicato de professores do país (Fecode) e de um sindicato da Ecopetrol. Também não há registros de supostos pagamentos a observadores durante as eleições.

O advogado do presidente, Héctor Carvajal, tinha antecipado em uma entrevista recente a uma emissora de rádio que não reconheceria nenhuma decisão do CNE e que tomaria as devidas medidas legais. Petro garante que o CNE é enviesado, pois alguns de seus magistrados são próximos a partidos de direita.

As suspeitas de violações dos tetos estabelecidos por lei aumentaram em julho do ano passado, quando o filho mais velho do presidente, Nicolás Petro, admitiu perante a Justiça ter recebido dinheiro de um chefe do narcotráfico e tê-lo usado em alguns eventos de campanha na costa caribenha.

Segundo as investigações feitas até o momento pelo CNE, a equipe de Petro não reportou despesas feitas para organizar encontros multitudinários com apoiadores na costa do Caribe, região tradicionalmente de direita, mas que nas últimas eleições catapultou o esquerdista para a Presidência.

Essa hipótese ganhou força depois que Nicolás Petro manifestou, perante a Procuradoria, que o dinheiro de um chefe do narcotráfico conhecido como "o homem Marlboro" entrou na campanha.

A confissão ocorreu no âmbito de uma investigação por suposta lavagem de dinheiro, pela qual o filho do presidente foi detido em julho de 2023. Nicolás Petro assegura que seu pai não sabia dessas movimentações financeiras.

Outro escândalo atingiu o presidente depois que, em junho de 2023, vazou uma série de áudios com conversas por telefone entre seu embaixador na FAO e ex-embaixador da Venezuela, Armando Benedetti, com sua aliada, Laura Sarabia, nos quais ele ameaçava "contar a verdade" sobre supostas manobras feitas para obter votos na região do Caribe.

W.Lejeune--JdB