Journal De Bruxelles - Oposição turca abre vantagem nas eleições municipais em Istambul e Ancara

Oposição turca abre vantagem nas eleições municipais em Istambul e Ancara
Oposição turca abre vantagem nas eleições municipais em Istambul e Ancara / foto: YASIN AKGUL - AFP

Oposição turca abre vantagem nas eleições municipais em Istambul e Ancara

A apuração parcial dos votos das eleições municipais turcas, neste domingo (31), antecipa uma tendência favorável à oposição em Istambul e Ancara, apesar do forte envolvimento do presidente Recep Tayyip Erdogan na campanha.

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Diante da crise econômica que afeta as famílias, os prefeitos de Istambul e da capital, Ancara, foram apontados como favoritos pelos institutos de pesquisa.

Com 33% das urnas apuradas às 20h locais (14h de Brasília), o prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, do partido social-democrata CHP, somava 49,7% dos votos contra 41,5% de seu principal adversário, o o ex-ministro Murat Kurum, do partido no poder, o AKP.

Imamoglu se mostrou prudente nas declarações à imprensa na noite deste domingo. "A foto que temos à vista agrada, mas vamos esperar os resultados completos".

Em Ancara, o prefeito Mansur Yavas, também do CHP, estava à frente de seu adversário, com 57,1% dos votos contra 35,6%, após a apuração de 15,4% das urnas.

As eleições municipais são consideradas um teste para o presidente Recep Tayyip Erdogan, que pretende tomar da oposição a Prefeitura de Istambul.

"Há uma necessidade real de equilíbrio, ao menos em nível local, contra o governo", disse, em Ancara, Serhan Solak, de 56 anos, que declarou pretender votar em Mansur Yavas.

Embora o chefe de Estado não seja candidato nestas eleições locais, sua sombra se projetou mais do que nunca sobre as urnas.

Aos 70 anos, Erdogan se envolveu de corpo e alma na campanha eleitoral deste país de 85 milhões de habitantes para impulsionar os candidatos do seu partido, o islâmico-conservador AKP.

O presidente chegou a realizar quatro comícios por dia.

"Esta eleição vai marcar o início de uma nova era para o nosso país", afirmou, após votar em Istambul.

- A disputa por Istambul -

Erdogan foi prefeito da cidade nos anos 1990, antes de ser presidente e, neste pleito, se empenhou para tirar da Prefeitura Imamoglu, personalidade de destaque da oposição que lhe arrebatou a principal e mais rica cidade do país.

Se Imamoglu for reeleito, ele poderia ganhar muito peso com vistas às eleições presidenciais de 2028.

"Espero que Istambul e a Turquia acordem [na segunda-feira] com uma bela manhã de primavera", disse o prefeito após votar na companhia de sua família.

Erdogan o descreveu como um indivíduo ambicioso e pouco preocupado com a cidade, tachando-o de "prefeito em meio período", obcecado com a Presidência.

Na província de maioria curda de Diyarbakir, no sudeste do país, foram registrados confrontos à margem das eleições neste domingo: uma pessoa morreu e 12 ficaram feridas, informou um funcionário à AFP.

- Oposição dispersa -

Desta vez, ao contrário de 2019, a oposição enfrenta dispersa estas eleições. O partido CHP (social-democrata), a principal legenda opositora, não conseguiu o consenso para o nome de Imamoglu em Istambul, nem em outras regiões do país.

O partido pró-curdo Dem se apresentou sozinho, o que favoreceria o partido no poder, ameaçado pela pressão do partido islamista Yeniden Refah.

Antes das eleições, o presidente do partido CHP, Özgür Özel, afirmou que sua formação alcançaria "uma grande vitória" nas urnas, sem que esta represente "a derrota de ninguém".

O país enfrenta uma inflação oficial de 67% em 12 meses e uma desvalorização expressiva de sua moeda (de 19 a 31 liras turcas por dólar em um ano).

"Se conseguir voltar a Istambul e Ancara, Erdogan verá um estímulo para modificar a Constituição para voltar a se candidatar em 2028", afirmou, antes das eleições, Bayram Balci, pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas Internacionais (Ceri)-Sciences-Po, em Paris.

Ao contrário, se "Imamoglu conseguir se manter, terá vencido a batalha dentro da oposição para se impor" como líder das fileiras com vistas às próximas eleições presidenciais.

T.Bastin--JdB