Israel bombardeia Gaza e combate Hamas nos arredores de hospitais
Israel provocou dezenas de mortes nesta quarta-feira (27), ao bombardear vários pontos da Faixa de Gaza, cercada e sob risco de fome, onde o Exército prossegue com as operações nos arredores de vários hospitais.
Nas últimas 24 horas, ao menos 76 pessoas morreram no território palestino, onde o Exército israelense trava uma guerra contra o movimento islamista Hamas desde 7 de outubro.
Os combates em Gaza prosseguiram sem trégua, apesar da aprovação na segunda-feira, pelo Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução que pede um "cessar-fogo imediato" e a libertação de 130 reféns israelenses que permanecem em Gaza, incluindo 34 que, se presume, foram mortos.
Na terça-feira à noite, uma bola de fogo iluminou o céu da cidade de Rafah, no sul do território, o único centro urbano de Gaza que ainda não enfrentou uma ação das forças terrestres israelenses.
Quase 1,5 milhão de pessoas estão aglomeradas na região, muitas delas para fugir dos bombardeios israelenses.
Israel insiste em que é necessário lançar uma ofensiva sobre Rafah para acabar com o "último reduto" do Hamas, que governa Gaza desde 2007.
Além disso, quer remarcar a viagem de uma de suas delegações a Washington para discutir uma possível ofensiva em Rafah dias depois de cancelar o compromisso em protesto à abstenção dos EUA no Conselho de Segurança da ONU.
"O escritório do primeiro-ministro disse que gostaria de reprogramar a reunião dedicada a Rafah. Estamos agora trabalhando com eles para marcar uma data conveniente", declarou um funcionário israelense à AFP, sob condição de anonimato.
- Três hospitais no alvo -
O Exército israelense prossegue com as intervenções em três grandes hospitais de Gaza e em suas imediações, alegando que o Hamas utiliza os locais como base de operações.
Nesta quarta-feira, as forças de segurança israelenses confirmaram a continuidade da operação no complexo hospitalar Al Shifa, na Cidade de Gaza (norte da Faixa), e anunciaram que mataram "dezenas de terroristas" e prenderam "centenas" de combatentes até o momento.
Centenas de moradores foram obrigados a abandonar a área do centro médico na última semana devido à operação, iniciada em 18 de março no norte de Gaza.
O Exército também prossegue com as operações em Khan Yunis, no sul da território palestino, nas imediações dos hospitais Nasser e Al Amal, acrescentaram as Força Armadas.
O hospital Al Amal está "fora de serviço", afirmou o Crescente Vermelho Palestino na terça-feira. Já o Nasser ainda abrigava milhares de civis neste mesmo dia.
- Fome -
A necessidade de ajuda humanitária em Gaza é urgente, mas o Hamas pediu aos países doadores que interrompam o lançamento aéreo de pacotes, depois que 12 pessoas morreram afogadas tentando recuperar os alimentos na costa de Gaza.
O movimento islamista palestino e a Euro-Med Human Rights Monitor, da Suíça, informaram que outras seis pessoas morreram em tumultos registrados quando tentavam alcançar a ajuda lançada de paraquedas.
"As pessoas morrem tentando conseguir uma lata de atum", disse à AFP Mohamad Al Sabaawi, morador de Gaza.
Apesar do apelo, o governo dos Estados Unidos anunciou que continuará utilizando este método.
Nesta quarta, Egito, Emirados Árabes Unidos, Alemanha e Espanha lançaram novos pacotes de alimentos por via aérea no norte de Gaza.
O Hamas também exigiu que Israel permita a entrada de mais caminhões de ajuda no território de 2,4 milhões de habitantes e que segundo a ONU está à beira de uma "fome criada pelo homem".
A guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, deixando 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
A campanha israelense de represália deixou mais 32.490 mortos em Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
- Negociações -
O Exército israelense afirmou que seus aviões bombardearam mais de 60 alvos nos últimos dias, incluindo túneis e edifícios "onde terroristas armados foram identificados".
Entretanto, representantes de Israel e do Hamas participam em conversações indiretas mediadas pelo Catar, que visam um cessar-fogo e a libertação de reféns.
Porém, tanto o Hamas como o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmam que as negociações não avançam e atribuem a culpa ao outro lado.
A guerra na Faixa de Gaza também provocou o aumento da violência na Cisjordânia ocupada, onde pelo menos três pessoas morreram em uma operação israelense em Jenin nesta quarta, e na fronteira entre Israel e Líbano.
O Hezbollah libanês, aliado do Hamas, anunciou no mesmo dia que disparou foguetes contra o norte de Israel, cujos serviços de emergência registraram uma morte na região.
O grupo islamista executou os ataques em resposta a um bombardeio que atribuiu ao Exército israelense, que deixou sete mortos.
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X.Lefebvre--JdB