Pela primeira vez, Conselho de Segurança pede um 'cessar-fogo imediato' em Gaza
O Conselho de Segurança da ONU aprovou, nesta segunda-feira (25), pela primeira vez em cinco meses de guerra, uma resolução que pede um "cessar-fogo imediato" em Gaza, apelo bloqueado várias vezes pelos Estados Unidos, que nesta ocasião se abstiveram.
A resolução, adotada entre aplausos por 14 votos a favor e uma abstenção "exige um cessar-fogo imediato para o mês do Ramadã" que conduza a uma trégua duradoura e "a libertação imediata e incondicional de todos os reféns".
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, vinculou a trégua à libertação de reféns, em declarações após a votação.
"Um cessar-fogo pode começar assim que o primeiro refém for libertado", disse a diplomata. "Esta é a única forma de garantir um cessar-fogo", sublinhou.
A França pediu uma trégua permanente após o Ramadã.
"Esta crise não acabou. O Conselho terá que permanecer mobilizado e voltar ao trabalho imediatamente. Quando o Ramadã terminar, dentro de duas semanas, terá de ser estabelecido um cessar-fogo permanente", disse o embaixador francês na ONU, Nicolas de Riviere.
Rússia e China vetaram na sexta-feira um projeto de resolução proposto pelos Estados Unidos, que salientava a "necessidade" de um "cessar-fogo imediato" em Gaza.
A proposta americana vinculava este cessar-fogo à libertação dos reféns capturados pelo Hamas no seu ataque a Israel em 7 de outubro, que desencadeou o atual conflito.
Até agora, os Estados Unidos se opuseram sistematicamente ao termo "cessar-fogo" nas resoluções da ONU e bloquearam três textos deste tipo.
A abstenção dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, na votação desta segunda-feira não representa "uma mudança" de política, disse à imprensa o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, afirmando que o seu país apoia o cessar-fogo, mas se absteve porque a resolução não condena o grupo islamista palestino Hamas.
A resolução aprovada hoje é fruto do trabalho dos membros não permanentes do Conselho, que negociaram ao longo do fim de semana com os Estados Unidos para tentar evitar um novo fracasso, segundo fontes diplomáticas, que manifestaram um certo otimismo quanto ao resultado da votação.
A resposta israelense ao ataque do Hamas deixou pelo menos 32.333 mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista palestino, que governa o enclave.
Segundo Israel, cerca de 130 pessoas das 250 sequestradas ainda são reféns em Gaza, das quais 33 teriam morrido.
Muito dividido há anos sobre a questão israelense-palestina, o Conselho de Segurança adotou apenas duas resoluções desde 7 de outubro, das oito submetidas à votação, embora de caráter essencialmente humanitário.
O chefe da Agência da ONU para os Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, anunciou no domingo que Israel proibiu formalmente a entrega de ajuda humanitária no norte de Gaza.
"Esta decisão é mais um prego no caixão" dos esforços para levar ajuda aos habitantes de Gaza, disse a porta-voz Juliette Touma.
O Exército israelense afirmou lutar contra membros do Hamas nesta segunda-feira em torno de pelo menos dois hospitais na Faixa de Gaza e ter matado mais de 20 combatentes palestinos nas últimas 24 horas.
A.Parmentier--JdB