Journal De Bruxelles - Empresa de mídia de Trump entrará na Bolsa, um alívio para suas finanças

Empresa de mídia de Trump entrará na Bolsa, um alívio para suas finanças
Empresa de mídia de Trump entrará na Bolsa, um alívio para suas finanças / foto: OLIVIER DOULIERY - AFP/Arquivos

Empresa de mídia de Trump entrará na Bolsa, um alívio para suas finanças

A empresa de mídia de Donald Trump, a Trump Media and Technology Group (TMTG), se fundirá com uma empresa inativa cotada em Wall Street, após a decisão favorável de uma assembleia de acionistas nesta sexta-feira (22), o que dá fôlego ao ex-presidente em meio às suas dificuldades financeiras jurídicas.

Tamanho do texto:

Esta votação e a entrada na Bolsa permitirão ao candidato à indicação presidencial republicana e ex-presidente obter fundos para cobrir as suas despesas judiciais e de campanha.

O projeto de fusão parecia incerto antes da assembleia geral de acionistas, depois que a votação foi adiada várias vezes nos últimos dois anos e meio por falta de quórum.

O bilionário do setor imobiliário disse esta semana que não consegue reunir a garantia de quase 500 milhões de dólares (R$2,5 bilhões), enquanto são decididas as apelações da multa imposta por um juiz por fraude financeira, em fevereiro.

No final desse processo, que começou em 2022, Trump e os seus filhos mais velhos, Eric e Donald Jr., foram condenados a pagar 464 milhões de dólares (R$ 2,3 bilhões) em multas e juros por mentirem há mais de uma década sobre o valor dos ativos imobiliários de Trump.

Desde então, Trump está sob pressão devido à possibilidade de serem tomadas medidas contra seus bens imobiliários se não fornecer à Justiça do estado de Nova York, em 25 de março, garantias de que pagará o valor caso a sentença seja confirmada.

Antes da votação dos acionistas, o magnata republicano criticou a Justiça de Nova York em sua rede social, Truth Social.

"Sem processo, sem júri, sem crime, sem vítima. Apenas um juiz corrupto e uma procuradora-geral corrupta que odeia Trump e recebe as suas ordens diretamente da Casa Branca. Interferência eleitoral em um nível nunca visto antes!", disse em uma mensagem escrita em letras maiúsculas para transmitir a sua indignação. Ele se referia ao juiz Arthur Engoron e à procuradora-geral de Nova York, a democrata Letitia James, que o levaram ao banco dos réus por fraude fiscal.

- Como será a fusão? -

Em relação à operação, a TMTG se fundirá com o que se conhece como veículo de capital aberto sob a sigla DWAC (Digital World Acquisition Corp).

Empresas como estas, as chamadas SPAC, são criadas para permitir que outra abra o capital na Bolsa mais rapidamente em relação à via tradicional, com a oferta de ações ao público.

A TMTG, da qual Donald Trump é o principal acionista, controlará milhões de ações da nova empresa resultante da fusão.

Segundo várias estimativas, sua participação equivaleria a mais de US$ 3 bilhões (R$ 14,94 bilhões) segundo o preço atual das ações da DWAC, de quase US$ 40 (R$ 199).

O acordo entre a TMTG e a DWAC prevê um período de fidelização de seis meses durante o qual os acionistas não podem vender seus títulos no mercado.

Mas nada impediria Trump de apresentar suas ações como garantia à Justiça, ou de obter um empréstimo com base no valor desses títulos.

Paradoxalmente, a empresa de mídia do ex-presidente reduziu sua atividade. É encabeçada pela rede social Truth Social, lançada em fevereiro de 2022, que faturou poucos milhões de dólares desde a sua criação.

- Os caminhos da justiça -

O que acontecerá se Trump não der uma garantia à Justiça na segunda-feira?

"Ele sofrerá humilhação e graves consequências financeiras", disse à AFP o professor Carl Tobias, da Faculdade de Direito da Universidade de Richmond, na Virgínia (leste).

Em um comunicado divulgado na quinta-feira, Trump voltou a denunciar uma "exigência inconstitucional e ilegal de uma garantia financeira".

Tobias salienta que Trump "poderia vender bens pessoais" ou "tentar obter um empréstimo bancário ou declarar falência".

A Justiça poderia "tentar confiscar o dinheiro que tem em Nova York e alguns dos seus bens imobiliários", acrescentou o especialista. Trump é dono da Trump Tower, na Quinta Avenida, e de uma torre em Wall Street.

C.Bertrand--JdB