Empresa de mídia de Trump entrará na Bolsa, um alívio para suas finanças
A empresa de mídia de Donald Trump, a Trump Media and Technology Group (TMTG), se fundirá com uma empresa inativa cotada em Wall Street, após a decisão favorável de uma assembleia de acionistas nesta sexta-feira (22), o que dá fôlego ao ex-presidente em meio às suas dificuldades financeiras jurídicas.
Esta votação e a entrada na Bolsa permitirão ao candidato à indicação presidencial republicana e ex-presidente obter fundos para cobrir as suas despesas judiciais e de campanha.
O projeto de fusão parecia incerto antes da assembleia geral de acionistas, depois que a votação foi adiada várias vezes nos últimos dois anos e meio por falta de quórum.
O bilionário do setor imobiliário disse esta semana que não consegue reunir a garantia de quase 500 milhões de dólares (R$2,5 bilhões), enquanto são decididas as apelações da multa imposta por um juiz por fraude financeira, em fevereiro.
No final desse processo, que começou em 2022, Trump e os seus filhos mais velhos, Eric e Donald Jr., foram condenados a pagar 464 milhões de dólares (R$ 2,3 bilhões) em multas e juros por mentirem há mais de uma década sobre o valor dos ativos imobiliários de Trump.
Desde então, Trump está sob pressão devido à possibilidade de serem tomadas medidas contra seus bens imobiliários se não fornecer à Justiça do estado de Nova York, em 25 de março, garantias de que pagará o valor caso a sentença seja confirmada.
Antes da votação dos acionistas, o magnata republicano criticou a Justiça de Nova York em sua rede social, Truth Social.
"Sem processo, sem júri, sem crime, sem vítima. Apenas um juiz corrupto e uma procuradora-geral corrupta que odeia Trump e recebe as suas ordens diretamente da Casa Branca. Interferência eleitoral em um nível nunca visto antes!", disse em uma mensagem escrita em letras maiúsculas para transmitir a sua indignação. Ele se referia ao juiz Arthur Engoron e à procuradora-geral de Nova York, a democrata Letitia James, que o levaram ao banco dos réus por fraude fiscal.
- Como será a fusão? -
Em relação à operação, a TMTG se fundirá com o que se conhece como veículo de capital aberto sob a sigla DWAC (Digital World Acquisition Corp).
Empresas como estas, as chamadas SPAC, são criadas para permitir que outra abra o capital na Bolsa mais rapidamente em relação à via tradicional, com a oferta de ações ao público.
A TMTG, da qual Donald Trump é o principal acionista, controlará milhões de ações da nova empresa resultante da fusão.
Segundo várias estimativas, sua participação equivaleria a mais de US$ 3 bilhões (R$ 14,94 bilhões) segundo o preço atual das ações da DWAC, de quase US$ 40 (R$ 199).
O acordo entre a TMTG e a DWAC prevê um período de fidelização de seis meses durante o qual os acionistas não podem vender seus títulos no mercado.
Mas nada impediria Trump de apresentar suas ações como garantia à Justiça, ou de obter um empréstimo com base no valor desses títulos.
Paradoxalmente, a empresa de mídia do ex-presidente reduziu sua atividade. É encabeçada pela rede social Truth Social, lançada em fevereiro de 2022, que faturou poucos milhões de dólares desde a sua criação.
- Os caminhos da justiça -
O que acontecerá se Trump não der uma garantia à Justiça na segunda-feira?
"Ele sofrerá humilhação e graves consequências financeiras", disse à AFP o professor Carl Tobias, da Faculdade de Direito da Universidade de Richmond, na Virgínia (leste).
Em um comunicado divulgado na quinta-feira, Trump voltou a denunciar uma "exigência inconstitucional e ilegal de uma garantia financeira".
Tobias salienta que Trump "poderia vender bens pessoais" ou "tentar obter um empréstimo bancário ou declarar falência".
A Justiça poderia "tentar confiscar o dinheiro que tem em Nova York e alguns dos seus bens imobiliários", acrescentou o especialista. Trump é dono da Trump Tower, na Quinta Avenida, e de uma torre em Wall Street.
C.Bertrand--JdB