Bombardeios na Ucrânia e na Rússia matam civis
Vários civis morreram nesta quarta-feira (20) em bombardeios em ambos os lados da fronteira entre Rússia e Ucrânia, uma espiral de violência que levou o presidente russo Vladimir Putin a prometer "segurança" para as regiões fronteiriças.
Na região russa de Belgorod, três pessoas morreram e quatro ficaram feridas em vários bombardeios, especialmente em um dos distritos na fronteira, disse o governador local, Viacheslav Gladkov.
A cerca de 70 km de distância, na cidade ucraniana de Kharkiv, a segunda maior do país, pelo menos quatro pessoas morreram e sete ficaram feridas em um bombardeio russo em plena luz do dia, indicou o governador regional Oleg Synegubov.
O número de mortos pode aumentar porque "uma dezena de pessoas ainda podem estar presas nos escombros", afirmou Synegubov. "De acordo com as primeiras estimativas, trata-se de um míssil de cruzeiro."
Um corpo foi retirado e outros dois permaneceram sob os escombros, segundo o governador, que informou que duas pessoas feridas estão em estado grave.
O bombardeio atingiu instalações industriais que abrigavam uma gráfica e uma fábrica de móveis e pintura, relatou Sergei Bolvinov, chefe do departamento de investigação policial da região de Kharkiv.
"As operações de resgate continuam" e os bombeiros estão tentando controlar o incêndio, disse. De acordo com os serviços de emergência, o fogo se espalhou por mais de 2.000 m².
A cidade de Kharkiv, a cerca de 40 km da fronteira e que tinha 1,5 milhão de habitantes antes da invasão russa há dois anos, é frequentemente alvo dos bombardeios de Moscou.
- Incursões armadas -
Em Belgorod, dois civis morreram e outros dois ficaram feridos perto de Graivoron, uma vila fronteiriça alvo de ataques aéreos e incursões terrestres de grupos armados vindos da Ucrânia, afirmou o governador regional Viacheslav Gladkov.
A área tem sido alvo de "bombardeios massivos" com a ajuda de múltiplos sistemas lança-foguetes, indicou.
Gladkov também falou sobre a morte de um civil na cidade de Belgorod, capital da região de mesmo nome, assim como dois feridos, um deles de 17 anos.
Diversos prédios residenciais também foram danificados, além de uma escola e dois jardins de infância, esvaziados após a decisão desta semana de fechar temporariamente as escolas nos distritos na fronteira pelo risco de bombardeios.
Gladkov também anunciou que haverá postos de controle na entrada das cidades mais próximas à Ucrânia, onde nas últimas semanas houve incursões armadas a partir de território ucraniano de grupos de combatentes russos pró-Kiev.
Um dos lugares mais afetados é a vila de Kozinka, onde ocorreram as "ações mais ativas" desses grupos, disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu.
Durante as eleições presidenciais russas da semana passada, "os combatentes ucranianos tentaram tomar localidades nas regiões de Belgorod e Kursk", contou.
A região de Belgorod também foi alvo de vários bombardeios atribuídos à Ucrânia, que, desde o início da ofensiva russa em fevereiro de 2022, prometeu levar os combates para o território russo em retaliação.
Por sua vez, Putin, recém-reeleito, prometeu nesta quarta-feira "garantir a segurança" dos habitantes das regiões fronteiriças, incluindo Belgorod, elogiando sua "coragem".
"É claro que poderíamos retaliar atingindo infraestruturas civis [na Ucrânia], mas temos nossos princípios", afirmou em uma recepção no Kremlin.
A Rússia segue negando que esteja mirando alvos civis na Ucrânia, apesar de cidades como Mariupol ou Bakhmut terem sido devastadas desde o início do conflito.
W.Baert --JdB