Journal De Bruxelles - Principal cartel do tráfico na Colômbia abre porta ao diálogo com governo

Principal cartel do tráfico na Colômbia abre porta ao diálogo com governo
Principal cartel do tráfico na Colômbia abre porta ao diálogo com governo / foto: Eder Narvaez - AFP

Principal cartel do tráfico na Colômbia abre porta ao diálogo com governo

O Clã do Golfo, maior quadrilha do narcotráfico da Colômbia, abriu a porta, nesta terça-feira (19), para retomar o diálogo com o governo do presidente Gustavo Petro, paralisado há um ano após ataques contra civis e agentes da força pública.

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"Aceitamos o convite feito pelo senhor presidente, no sentido de nos sentarmos para negociar as condiciones políticas que permitam as transformações sociais", expressou a organização criminosa em nota.

"Reiteramos que estamos prontos para comparecer aonde nos indicarem", acrescentou o texto datado de 18 de março e cuja autenticidade foi confirmada nesta terça pelo advogado do Clã, Ricardo Giraldo.

Na véspera, Petro disse que o Clã do Golfo "está com a bola" para concretizar novas aproximações. "Se se atreverem, abrimos as mesas de conversações", afirmou o presidente.

Em março de 2023, o presidente encerrou as negociações que mantinha com o Clã, pois seus membros estavam pagando garimpeiros ilegais para bloquear vias e atacar civis e agentes da força pública no norte do país. A mesa de diálogo nunca foi formalizada.

Petro antecipou que caso se recusem a dialogar novamente, "a decisão" do governo "é destruir o Clã" que, segundo números oficiais, tem cerca de 4.000 membros.

O cartel, que se autodenomina Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC), insiste em ser tratado como uma organização política, assim como as guerrilhas que negociam a paz com o governo.

No entanto, Petro afirma que está em conversas com a recém-eleita procuradora Luz Adriana Camargo para estabelecer o marco legal que permita sua "acolhida coletiva à justiça".

O Clã rejeitou anteriormente um plano de submissão proposto pelo presidente que exigia sua rendição e entrega das armas em troca de benefícios judiciais.

Consultado sobre o tema, o advogado Giraldo confirmou à rádio Caracol que "eles (os membros do cartel) não vão se submeter", pois se consideram uma organização política.

Veículos de comunicação reportaram, nesta terça, que o Clã do Golfo está bloqueando vias próximas ao município de Tierralta (noroeste), onde Petro prevê participar de um evento público.

Segundo dados oficiais, o Clã do Golfo trafica para o exterior cerca de 700 toneladas de cocaína por ano. Também estaria vinculado com o garimpo ilegal e o tráfico de migrantes na fronteira com o Panamá através da floresta de Darién, apesar de seus líderes negarem a prática.

Seu líder máximo, de codinome Otoniel, foi capturado em outubro de 2021 e extraditado aos Estados Unidos em maio do ano seguinte.

A Colômbia é o principal produtor de cocaína do mundo.

E.Goossens--JdB