Dois mortos por bombardeios ucranianos na Rússia em plenas eleições presidenciais
A Rússia denunciou neste sábado(16) novas incursões da Ucrânia e a morte de duas pessoas em um ataque contra uma região de fronteira, no segundo dia de uma eleição presidencial destinada a manter Vladimir Putin no poder.
O pleito, que terminará no domingo, coincidiu com um aumento dos bombardeios ucranianos e uma série de incursões de grupos pró-Ucrânia na Rússia.
O Ministério da Defesa russo indicou que "os ataques foram repelidos e as tentativas de invasão do território da Federação Russa por grupos ucranianos de sabotagem e reconhecimento foram frustradas".
A mesma fonte disse anteriormente que derrubou mísseis, foguetes e drones nas regiões fronteiriças de Belgorod e Kursk.
Putin, que emitiu seu voto pela Internet, prometeu uma resposta aos ataques de sexta-feira e acusou Kiev de tentar "perturbar" a sua corrida para outro mandato de seis anos.
Neste sábado, o governador da região de Belgorod disse que os sistemas de defesa aérea derrubaram oito mísseis ucranianos, mas dois residentes morreram e duas pessoas ficaram feridas.
"Um homem dirigia um caminhão quando foi atingido por um projétil", escreveu Viacheslav Gladkov nas redes sociais.
"Uma mulher morreu em um estacionamento onde ela e o filho alimentavam cães. Os médicos estão lutando pela vida do filho", acrescentou.
Imagens não verificadas do ataque que circulam nas redes sociais mostram uma grande explosão que destruiu um carro.
O governador informou que escolas e centros comerciais de Belgorod e outros distritos da região permanecerão fechados nos próximos dias.
- Putin promete vingança -
As autoridades de ocupação na região de Kherson, no sul da Ucrânia, disseram que um ataque com drones ucranianos matou uma pessoa e feriu quatro.
Putin afirmou na sexta-feira que os ataques das forças ucranianas "não ficarão impunes".
O presidente de 71 anos está no poder na Rússia desde o último dia de 1999 e está disposto a estender o seu controle até 2030.
Se completar outro mandato no Kremlin, será o líder russo mais antigo desde Catarina, a Grande, que governou durante 34 anos no final do século XVIII.
Putin concorre sem oposição, após a exclusão de dois candidatos que se opõem ao conflito na Ucrânia e aproximadamente um mês após a morte do seu principal adversário, Alexei Navalny, em uma prisão no Ártico em circunstâncias não explicadas.
O Kremlin apresentou as eleições como uma oportunidade para os russos mostrarem seu apoio à campanha militar na Ucrânia, onde a votação é realizada nos territórios ocupados.
No entanto, o primeiro dia de votação foi marcado por atos de vandalismo nos colégios eleitorais, com uma onda de detenções de russos.
- Incêndio em refinaria -
Neste sábado, duas mulheres russas foram presas – uma na cidade de Ecaterimburgo (centro) e outra em Kaliningrado (oeste) – acusadas de jogar tinta verde nas cédulas, uma alusão a um antisséptico cirúrgico lançado contra opositores russos, entre eles Navalny.
O partido no poder, Rússia Unida, que apoia incondicionalmente Putin, denunciou um ataque cibernético em grande escala contra o seu site.
O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) também anunciou uma série de prisões de russos suspeitos de apoiar as forças ucranianas ou de planejar atos de sabotagem em instalações militares e de transporte.
Nas últimas semanas, os ataques ucranianos na Rússia atingiram muito além das regiões fronteiriças, tendo como alvo instalações petrolíferas no interior do território.
O governador da região de Samara, a cerca de 1.000 quilômetros da fronteira com a Ucrânia, disse neste sábado que drones atacaram duas refinarias de petróleo, provocando um incêndio em uma delas.
Uma fonte da Defesa em Kiev disse à AFP que o ataque foi planejado pelos serviços de segurança ucranianos (SBU) como parte de uma "estratégia para prejudicar o potencial econômico da Rússia”.
O.Meyer--JdB