Journal De Bruxelles - Rússia sofre novos ataques a partir da Ucrânia antes de eleição presidencial

Rússia sofre novos ataques a partir da Ucrânia antes de eleição presidencial
Rússia sofre novos ataques a partir da Ucrânia antes de eleição presidencial / foto: Mikhail METZEL - POOL/AFP

Rússia sofre novos ataques a partir da Ucrânia antes de eleição presidencial

Novas incursões terrestres a partir da Ucrânia e ataques com drones deixaram pelo menos dois mortos na Rússia nesta quinta-feira (14), poucas horas antes do início das eleições, nas quais o presidente Vladimir Putin, no poder há 24 anos, busca um novo mandato.

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O presidente chamou seus compatriotas a não "desviarem do caminho" e a expressarem, nas eleições, em que nenhum outro político de peso concorre, uma posição "patriótica" para "confirmar nossa unidade e determinação de seguir em frente".

A Guarda Nacional da Rússia (Rosgvardia) afirmou ter repelido, junto com o exército e a guarda de fronteira, um ataque de um grupo de "sabotadores" perto da localidade de Tiotkino, na região de Kursk, que faz fronteira com a Ucrânia.

Na terça-feira, ataques semelhantes foram realizados nessa cidade por combatentes russos pró-ucranianos, que, segundo o Kremlin, foram dizimados.

Uma dessas milícias, a "Legião da Liberdade da Rússia", instou civis a evacuar a área e prometeu "libertar as regiões russas" de Belgorod e Kursk.

Em paralelo, os ataques com drones se multiplicam a centenas de quilômetros da linha de frente.

A região de Belgorod e sua capital homônima foram alvos desses ataques. Nesta quinta-feira, dois civis morreram e pelo menos 19 ficaram feridos, segundo as autoridades regionais, que anunciaram o fechamento temporário dos centros comerciais para evitar novas vítimas.

- No poder até 2030 -

Putin, no poder desde o ano 2000, tem três adversários de pouca relevância, que não expressam oposição à ofensiva na Ucrânia nem à dura repressão contra os dissidentes, que resultou na morte na prisão, em fevereiro, do principal crítico do Kremlin, Alexei Navalny.

As autoridades russas anunciaram uma morte de causas naturais, mas a equipe do opositor denuncia um assassinato.

O único opositor real que tentou registrar sua candidatura, Boris Nadezhdin, foi vetado pela Comissão Eleitoral.

A viúva de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, que vive no exílio e prometeu dar continuidade à sua luta, chamou os russos a voltarem em qualquer candidato, exceto Putin. As mulheres dos soldados russos enviados para a Ucrânia, que pedem seu retorno, aderiram ao apelo.

Mas ninguém tem dúvidas da reeleição de Putin. A votação permitirá que ele permaneça no poder até 2030 e, após uma reforma constitucional, poderá ser candidato novamente e seguir no comando do país até 2036, com 84 anos.

As eleições começam com a abertura dos locais de votação no extremo leste da Rússia às 8h00 locais de sexta-feira (17h00 de Brasília nesta quinta-feira) e terminarão em Kaliningrado no domingo às 20h00 locais (15h00 de Brasília).

A Procuradoria de Moscou alertou que não toleraria nenhum tipo de ação de protesto durante a votação.

Nos territórios ucranianos anexados pela Rússia, a votação antecipada começou nos últimos dias de fevereiro.

A diplomacia ucraniana pediu que a comunidade internacional rejeite o resultado dessa eleição que classifica como “farsa”.

- Putin vs Ocidente -

Putin, que apresenta o conflito como uma guerra contra as potências ocidentais em que a Rússia busca sua sobrevivência, evocou os “tempos difíceis” que os russos vivem, sem dar detalhes.

A economia russa, afetada pelas sanções internacionais, resiste, mas teve que ser reorientada para o esforço de guerra e a indústria militar.

Moscou imaginava que o ataque contra a Ucrânia duraria alguns dias ou talvez semanas, mas o conflito acaba de completar dois anos.

A Rússia conseguiu recuperar a dianteira no front, em parte devido à falta de impulso da ajuda ocidental à Ucrânia, e Putin destaca recentes conquistas, como a tomada da cidade de Avdiivka em fevereiro.

Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que os países da Aliança Atlântica não estavam fornecendo “munições suficientes” a Kiev e que isso tinha “consequências diárias no campo de batalha”.

E.Heinen--JdB