Esforços internacionais continuam para enviar ajuda a Gaza, à beira da fome
Os esforços internacionais continuam nesta quinta-feira (14) para levar mais ajuda humanitária à Faixa de Gaza, devastada pela guerra e onde existe risco de fome, segundo a ONU.
Após o fracasso na obtenção de uma trégua entre Israel e o movimento palestino Hamas para o Ramadã, iniciado na segunda-feira, os combates continuam com pelo menos 69 mortes nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que administra o território palestino.
O Hamas relatou mais de 40 ataques aéreos em Gaza, desde Beit Hanun, no norte, até Rafah, no sul, a cidade onde a maioria da população se refugia e que Israel ameaça atacar por terra.
O navio "Open Arms", da ONG espanhola de mesmo nome, saiu na terça-feira de Chipre com cerca de 200 toneladas de ajuda alimentar e aproxima-se da costa de Israel, segundo o site Marinetraffic. É o primeiro a tomar um novo corredor marítimo que permite chegar a Gaza.
O ministro das Relações Exteriores de Chipre afirmou que um segundo navio, maior, está sendo preparado no porto de Larnaca.
O corredor marítimo que permite o transporte da ajuda será complementado por uma doca temporária em frente a Gaza, que será construída pelas tropas americanas, indicou a administração de Washington.
Os recentes lançamentos aéreos de ajuda de vários países "não são uma alternativa" às entregas terrestres, afirmam em um comunicado 25 ONGs, incluindo a Anistia Internacional e a Oxfam.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas após o ataque de 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram cerca de 1.160 pessoas, a maioria delas civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
Também raptaram cerca de 250 pessoas, 130 das quais ainda estão detidas em Gaza, embora Israel estime que 32 delas tenham morrido.
Israel respondeu com uma intensa campanha de bombardeios e operações terrestres em Gaza que deixou pelo menos 31.341 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, com 2,4 milhões de habitantes.
A principal agência de ajuda das Nações Unidas em Gaza, a UNRWA, disse na quarta-feira que um ataque israelense atingiu um de seus depósitos de alimentos em Rafah, deixando um morto e dezenas de feridos.
O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou que o ataque "ocorre quando os suprimentos de alimentos estão acabando e a fome é generalizada".
- "Ilha humanitária" -
O navio Open Arms partiu de Chipre com destino a Gaza na terça-feira e carrega uma barcaça com 200 toneladas de ajuda.
A Open Arms trabalha em parceria com a organização beneficente World Central Kitchen (WCK), dirigida pelo chef hispano-americano José Andrés, que será o responsável pela distribuição dos alimentos.
Israel indicou, por sua vez, que o navio "passou por uma verificação de segurança minuciosa e é acompanhado por autoridades israelenses para garantir que apenas a ajuda humanitária chegue à Faixa de Gaza".
Ao longo da costa, no norte de Gaza, já há pessoas à espera da sua chegada, como Eid Ayub. "Quando esta ajuda chegar, não haverá nenhuma organização para distribui-la", disse, garantindo que os comerciantes estão se aproveitando da escassez.
Cerca de 1,5 milhão de palestinos refugiam-se na cidade de Rafah, no sul da Faixa, junto à fronteira fechada com o Egito, e onde Israel ameaça lançar uma ofensiva terrestre contra o Hamas.
Neste sentido, o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, falou pela primeira vez na quarta-feira de "uma ilha humanitária" para onde, segundo ele, os habitantes de Rafah poderiam se deslocar.
burs-it/dv/pc/zm/aa
J.F.Rauw--JdB