Journal De Bruxelles - Putin pede aos russos que votem em um período difícil para o país

Putin pede aos russos que votem em um período difícil para o país
Putin pede aos russos que votem em um período difícil para o país / foto: Mikhail METZEL - POOL/AFP

Putin pede aos russos que votem em um período difícil para o país

O presidente Vladimir Putin pediu nesta quinta-feira (14) aos russos que votem em um "período difícil" para o país, poucas horas antes do início das eleições presidenciais, pleito sem qualquer candidato de oposição e em plena ofensiva contra a Ucrânia.

Tamanho do texto:

O chefe de Estado da Rússia, no poder há mais de duas décadas, tem a vitória assegurada nas eleições do fim de semana, de 15 a 17 de março, o que resultará em mais um mandato de seis anos. O Kremlin afirma que a votação mostrará que a sociedade apoia a ofensiva na Ucrânia.

"Estou convencido de que compreendem o período difícil que o nosso país atravessa, os difíceis desafios que enfrentamos em praticamente todas as áreas", disse Putin em um discurso exibido pela televisão pública russa.

"Peço que compareçam para votar e expressem a sua posição cívica e patriótica, que votem no candidato de sua escolha, pelo futuro da nossa amada Rússia", insistiu.

"Participar nas eleições é demonstrar seus sentimentos patrióticos", destacou.

Putin tem três adversários de pouca relevância, que não expressam oposição à ofensiva na Ucrânia nem à dura repressão contra os dissidentes, que resultou na morte na prisão, em fevereiro, do principal crítico do Kremlin, Alexei Navalny.

A economia russa, afetada pelas sanções internacionais, resiste, mas teve que ser reorientada para o esforço de guerra e a indústria militar.

Moscou imaginava que o ataque contra a Ucrânia duraria alguns dias ou talvez semanas, mas o conflito acaba de completar dois anos.

Ao falar sobre a frente de batalha, Putin apresenta as recentes conquistas, em particular a tomada da cidade de Avdiivka em fevereiro, como uma prova de que sua "operação militar especial" - os termos impostos pelo Kremlin - está no bom caminho, apesar do número expressivo de baixas, tema que o governo não comenta.

As tropas russas estão em uma ofensiva e avançam aos poucos, especialmente devido ao desgaste da ajuda ocidental a Kiev. Mas também há cada vez mais regiões do país atingidas por ataques de drones ucranianos.

- Apelo de Navalnaya -

As eleições presidenciais começam com a abertura dos locais de votação no extremo leste da Rússia às 8H00 locais de sexta-feira (17H00 de Brasília nesta quinta-feira) e terminarão em Kaliningrado no domingo às 20H00 locais (15H00 de Brasília).

Nos territórios ucranianos anexados pela Rússia, a votação antecipada começou nos últimos dias de fevereiro.

Os críticos do Kremlin não participam nas eleições. O único opositor real que tentou registrar sua candidatura, Boris Nadezhdin, foi vetado pela Comissão Eleitoral.

A oposição foi completamente dizimada após a detenção de vários dissidentes e da repressão que forçou vários deles a partir para o exílio. Com a morte de Navalny, aos 47 anos, o movimento perdeu seu principal representante.

As autoridades russas anunciaram uma morte de causas naturais, mas a equipe do opositor denuncia um assassinato.

A viúva de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, que vive no exílio e prometeu dar continuidade à luta do marido, fez um apelo aos russos para que protestem durante as eleições: ela pediu que todos compareçam às urnas ao meio-dia de domingo para votar em qualquer candidato, exceto Putin.

As mulheres dos soldados russos enviados para a guerra da Ucrânia, que pedem o retorno dos militares, aderiram ao apelo.

Ninguém tem dúvidas da reeleição de Putin. A votação permitirá que ele permaneça no poder até 2030 e, após uma reforma constitucional, ele poderá ser candidato novamente e seguir no comando do país até 2036, com 84 anos.

J.F.Rauw--JdB