Bombardeio israelense em depósito da ONU em Gaza deixa 'ao menos um morto'
Um bombardeio israelense deixou, nesta quarta-feira (13), "pelo menos um morto" em um depósito de alimentos de uma agência da ONU na Faixa de Gaza, que aguarda a chegada de ajuda internacional para evitar a fome causada pela guerra entre Israel e o Hamas.
"Ao menos um membro do pessoal da UNRWA morreu e 22 ficaram feridos no bombardeio israelense de um centro de distribuição de alimentos no leste de Rafah", informou essa entidade em um comunicado.
O Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo movimento islamista Hamas, informou um balanço de quatro mortos no "bombardeio" ao depósito em Rafah.
"O ataque de hoje contra um dos poucos centros de distribuição da UNRWA ainda em funcionamento na Faixa de Gaza ocorre em um momento em que os suprimentos estão escassos" e "a fome se espalha", afirmou o diretor da agência, Philippe Lazzarini, citado no comunicado.
"Todos os dias comunicamos as nossas coordenadas às partes em conflito. O Exército israelense as recebeu, incluindo as desse centro, ontem (terça-feira)", acrescentou Lazzarini.
O Exército israelense, questionado sobre o ocorrido, absteve-se até agora de qualquer comentário.
Um fotógrafo da AFP viu as vítimas chegarem ao hospital Al Najjar de Rafah e pelo menos uma foi identificada como funcionária da ONU.
A guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pela incursão letal de comandos islamistas no sul de Israel em 7 de outubro, deixou mais de 31.272 mortos em Gaza, a maioria civis, de acordo com o último balanço do governo do Hamas.
Israel também bloqueou o território de 362 km2, onde a ajuda entra a conta-gotas, e a ONU teme uma "fome generalizada" entre os 2,4 milhões de habitantes.
Sem trégua à vista e com a ajuda humanitária por via terrestre controlada por Israel, vários países têm procurado alternativas por mar e por ar.
- Segundo navio preparado -
Um primeiro navio, operado pela ONG espanhola Open Arms, partiu na terça-feira com 200 toneladas de provisões do porto cipriota de Larnaca em direção a Gaza.
O navio se move em velocidade muito baixa e nesta quarta-feira estava a cerca de 260 km do enclave palestino, segundo o site Vessel Finder.
O Chipre, a cerca de 370 km da costa do território palestino, anunciou que outro navio estava pronto, com uma carga maior.
Quatro navios do Exército americano partiram da costa leste dos Estados Unidos com uma centena de soldados e o equipamento necessário para construir uma doca temporária e um cais em Gaza para entregar ajuda humanitária.
A ONG de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional considerou que esta iniciativa evidencia "a fragilidade da comunidade internacional".
Para o Hamas, esta ajuda marítima também é insuficiente.
Após uma iniciativa da Jordânia, vários países, incluindo Estados Unidos e França, lançaram alimentos e suprimentos médicos por via aérea. A Alemanha anunciou nesta quarta-feira que se juntaria a eles.
Mas os transportes marítimo e aéreo não podem substituir a ajuda terrestre, reitera a ONU.
"Quando estudamos formas alternativas de entregar ajuda, por via marítima ou aérea, temos que nos lembrar que precisamos fazê-lo porque a rota terrestre habitual está fechada. Artificialmente fechada", disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, perante o Conselho de Segurança da ONU.
"Matar as pessoas de fome está sendo usado como uma arma de guerra", criticou.
- Golpe ao Hamas no Líbano -
Apesar da pressão internacional, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, continua firme em sua ofensiva contra o Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, UE e Estados Unidos.
"Para vencer esta guerra, devemos destruir os batalhões restantes do Hamas em Rafah", onde há 1,5 milhão de palestinos, reiterou.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas após o ataque de 7 de outubro, no qual comandos islamistas mataram cerca de 1.160 pessoas, a maioria delas civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
Os comandos também sequestraram cerca de 250 pessoas, das quais 130 ainda estão detidas em Gaza, embora Israel estime que 32 delas tenham morrido.
A guerra em Gaza aumentou as tensões entre Israel e o Líbano, com frequentes confrontos de artilharia entre o Exército israelense e o movimento Hezbollah, apoiado pelo Irã e um aliado do Hamas.
O Hamas anunciou, nesta quarta, a morte de um membro de seu braço armado, Hadi Mustafa, em um bombardeio atribuído ao Exército israelense no sul do Líbano.
Dois outros supostos membros do movimento islamista morreram em uma incursão do Exército israelense em Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada.
W.Wouters--JdB