Jamaica sedia reunião internacional sobre crise no Haiti
A situação no Haiti, que enfrenta a atuação de grupos criminosos, será discutida nesta segunda-feira (11) em reunião de crise na Jamaica, depois da retirada, no fim de semana, de diplomatas europeus e americanos de Porto Príncipe devido ao aumento da violência.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, chegou a Kingston nesta segunda-feira para participar do encontro, convocado pela Comunidade do Caribe (Caricom), que também convidou representantes de Estados Unidos, França, Canadá e ONU para a reunião de emergência.
Blinken abordará os esforços para "acelerar uma transição no Haiti através do estabelecimento de uma presidência colegiada" e discutirá sobre a implantação de uma missão internacional de segurança no pequeno país caribenho, segundo seu porta-voz.
A capital haitiana está tomada por uma aliança de gangues que exige a saída do primeiro-ministro, Ariel Henry, assim como parte da população.
Em meio ao caos instaurado em Porto Príncipe, as forças de segurança haitianas conseguiram retomar o controle do porto, após confrontos armados com as gangues no fim de semana, informou à AFP o diretor da Autoridade Portuária Nacional, Jocelin Villier.
Navios conseguiram descarregar contêineres, mas ainda é um desafio transportar os produtos e alimentos para outras localidades, uma vez que as estradas principais não são suficientemente seguras.
- Evacuação de embaixadas -
O vice-presidente da Guiana, membro da Caricom, Bharrat Jagdeo, declarou no domingo que os países implicados "tentarão restaurar a ordem e a confiança do povo haitiano" frente aos "criminosos (que) tomaram o controle do país".
Nesta segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU pediu a todos os atores políticos do Haiti que realizem "negociações sérias" para "restabelecer as instituições democráticas do país".
Também exortou às "gangues armadas a cessar imediatamente as suas ações desestabilizadoras".
Porto Príncipe é cenário de conflitos armados entre as forças de segurança e as gangues, que atacam lugares estratégicos como o Palácio presidencial, delegacias e prisões.
Neste contexto de violência e incerteza, a União Europeia transferiu todos os seus funcionários de Porto Príncipe para "um lugar mais seguro fora do país", indicou nesta segunda-feira Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia do bloco comunitário, Josep Borrell.
A missão diplomática alemã anunciou uma medida similar no domingo: o envio de seu embaixador à vizinha República Dominicana "até novo aviso".
E os americanos evacuaram de helicóptero seu pessoal diplomático não essencial da capital na noite de sábado.
- 'Sitiada' -
Há uma semana, as autoridades haitianas declararam estado de emergência e toque de recolher noturno no departamento do Oeste, que inclui a capital, ao agravar a deterioração da segurança em Porto Príncipe.
No entanto, as forças de segurança controlam este território, submetido em grande parte aos grupos armados. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) qualificou Porto Príncipe como "cidade sitiada".
No final de 2023, o Conselho de Segurança da ONU decidiu enviar uma missão internacional dirigida pelo Quênia para apoiar a polícia haitiana, mas sua implantação precisou esperar.
O primeiro-ministro haitiano, que assinou no início de março em Nairóbi um acordo para mobilizar policiais quenianos, não pôde retornar a seu país desde então.
Ariel Henry permanece em Porto Rico desde terça-feira após não conseguir pousar em Porto Príncipe devido à violência em torno do aeroporto, e depois que a República Dominicana lhe negou a entrada.
Haiti não celebra eleições desde 2016. Henry, nomeado pelo presidente Jovenel Moïse justo antes de seu assassinato em julho de 2021, deveria ter deixado o cargo no início de fevereiro.
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Y.Niessen--JdB