Journal De Bruxelles - Biden ataca Trump diretamente em discurso no Congresso sobre estado da União

Biden ataca Trump diretamente em discurso no Congresso sobre estado da União
Biden ataca Trump diretamente em discurso no Congresso sobre estado da União / foto: Mandel NGAN - AFP

Biden ataca Trump diretamente em discurso no Congresso sobre estado da União

Joe Biden atacou seu rival Donald Trump desde o início de seu discurso sobre o estado da União nesta quinta-feira (7) à noite, acusando o republicano de "se curvar" diante de Vladimir Putin e afirmando que a liberdade e a democracia estão "sob ataque" nos Estados Unidos.

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No imponente plenário do Congresso, com os aplausos de seu lado enquanto a oposição republicana permanecia sentada, o democrata de 81 anos, candidato à reeleição, afirmou: "Eu não me curvarei" ao líder russo, que lançou uma invasão à Ucrânia em 2022.

"Meu antecessor, um ex-presidente republicano, diz a Putin: 'Faça o que quiser'. É uma citação, um ex-presidente realmente disse isso, se curvando a um líder russo. Acho isso escandaloso. É perigoso e é inaceitável!", declarou, sem pronunciar o nome de Trump.

"Desde o presidente Lincoln e a Guerra Civil, nunca nossa liberdade e democracia foram atacadas em nosso país como estão sendo hoje", acrescentou.

O democrata de 81 anos quis traçar "um futuro baseado nos valores fundamentais que definem os Estados Unidos: honestidade, decência, dignidade, igualdade".

"E aqui está alguém da minha idade contando uma história diferente, a de uns Estados Unidos voltados para a mágoa, a vingança e o revanchismo", acrescentou Biden, em uma clara alusão ao seu rival de 77 anos.

Donald Trump prometeu "se vingar" de sua derrota em 2020, que ele nunca reconheceu, e das ações judiciais que se acumulam contra ele.

- Recuperação histórica -

Frente à retórica do "declínio", repetida por Trump, Biden defendeu que os Estados Unidos estão atravessando sob sua presidência a maior "recuperação" econômica de sua história, após a pandemia de covid-19.

"Assumi o cargo determinado a nos ajudar a superar um dos períodos mais difíceis da história de nossa nação [...] Não aparece nas notícias, mas em milhares de cidades e vilarejos, os americanos estão escrevendo a maior história de recuperação já contada", declarou.

Isso permite "construir um futuro de possibilidades" e investir para que "todos tenham uma chance justa e que não deixemos ninguém para trás", acrescentou.

Biden apostou no otimismo em relação ao seu rival, a quem não mencionou.

Mas pensou em Trump quando declarou: "Aqueles que se gabam de revogar" a garantia constitucional do aborto, anulada pela Suprema Corte, "não têm ideia do poder das mulheres nos Estados Unidos".

O democrata sabe que importará menos o que ele diga do que como ele diz. E é que, segundo as pesquisas, os americanos duvidam de sua capacidade de suportar um segundo mandato.

- Gaza e cessar-fogo -

Ao fim do discurso, Biden anunciou ao Congresso que ordenou ao Exército dos Estados Unidos o estabelecimento de um porto em Gaza para transportar mais ajuda humanitária ao território palestino sitiado, em um momento em que sua política de apoio a Israel enfurece o eleitorado muçulmano e os eleitores de origem árabe.

O presidente também reiterou seu apelo por um "cessar-fogo imediato" de seis semanas na Faixa de Gaza e instou Israel a permitir a entrada de mais ajuda humanitária no território palestino.

"Aos líderes de Israel, digo isso: a assistência humanitária não pode ser uma consideração secundária nem uma moeda de troca. Proteger e salvar vidas inocentes deve ser uma prioridade", declarou.

Nesta quinta-feira, Trump acusou Biden de ter transformado os Estados Unidos em um "filme de terror" e pediu um debate com ele, antes das convenções dos dois partidos que nomearão oficialmente os candidatos.

Joe Biden e Donald Trump esmagaram toda a concorrência nas primárias e, salvo imprevistos, estão se encaminhando para um duelo nas eleições presidenciais de 5 de novembro, como em 2020.

W.Lievens--JdB