Biden oferece um futuro de valores frente ao 'rancor' personificado por Trump
O presidente Joe Biden defenderá um futuro baseado em valores como "honestidade" em contraste ao "rancor" e à "vingança", personificados por Donald Trump, durante um discurso no Congresso no qual afirmará que os Estados Unidos estão vivendo "a maior recuperação" econômica de sua história.
Segundo trechos divulgados pela Casa Branca, o democrata de 81 anos elogiará "um futuro baseado nos valores fundamentais que definem os Estados Unidos: honestidade, decência, dignidade, igualdade".
"Agora, outras pessoas da minha idade veem uma história diferente: uma história americana de 'rancor, vingança e revanche'", acrescentará, em clara referência ao seu rival republicano, Donald Trump, de 77 anos.
O republicano prometeu "se vingar" da derrota de 2020, que nunca reconheceu, e dos processos judiciais que enfrenta.
- Recuperação histórica -
Frente à retórica do "declínio", repetida por Trump, Biden defende que os Estados Unidos estão atravessando sob sua presidência a maior "recuperação" econômica de sua história, após a pandemia de covid-19.
"Assumi o cargo determinado a nos ajudar a superar um dos períodos mais difíceis da história de nossa nação [...] Não aparece nas notícias, mas em milhares de cidades e vilarejos, os americanos estão escrevendo a maior história de recuperação já contada", declarará.
Isso permite "construir um futuro de possibilidades" e investir para que "todos tenham uma chance justa e que não deixemos ninguém para trás", acrescentará.
Biden aposta no otimismo em relação ao seu rival, a quem não menciona, pelo menos nestes breves trechos, uma única vez.
Mas pensará em Trump quando declarar: "Aqueles que se gabam de revogar" a garantia constitucional do aborto, anulada pela Suprema Corte, "não têm ideia do poder das mulheres nos Estados Unidos".
O democrata sabe que importará menos o que ele diga do que como ele diz. E é que, segundo as pesquisas, os americanos duvidam de sua capacidade de suportar um segundo mandato.
Vai gaguejar? Vai tropeçar? Vai misturar nomes ou datas durante um discurso que normalmente dura mais de uma hora?
Antes de subir ao púlpito, Biden fingiu receber conselhos por videoconferência de atores que interpretaram o papel de presidente no cinema ou na televisão. Em um vídeo divulgado pela Casa Branca, ele é visto conversando com estrelas de Hollywood como Geena Davis, Michael Douglas, Bill Pullman e Morgan Freeman.
- Gaza e a OTAN -
Segundo a Casa Branca, Biden também anunciará ao Congresso que ordenou ao Exército dos Estados Unidos o estabelecimento de um porto em Gaza para transportar mais ajuda humanitária ao território palestino sitiado, em um momento em que sua política de apoio a Israel enfurece o eleitorado muçulmano e os eleitores de origem árabe.
Além disso, ele convidou o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, para acompanhá-lo esta noite, no dia em que o país escandinavo se juntou formalmente à Otan.
O objetivo é se diferenciar de Trump, que disse que "encorajaria" a Rússia a atacar os países da Aliança Atlântica se não pagassem sua cota.
O ex-presidente planeja "corrigir" ao vivo o discurso de seu rival.
Nesta quinta-feira, Trump acusou Biden de ter transformado os Estados Unidos em um "filme de terror" e pediu um debate com ele, antes das convenções dos dois partidos que nomearão oficialmente os candidatos.
Joe Biden e Donald Trump esmagaram toda a concorrência nas primárias e, salvo imprevistos, estão se encaminhando para um duelo nas eleições presidenciais de 5 de novembro, como em 2020.
Às 21h00 locais (22h00 de Brasília), no Capitólio, o chefe de protocolo da Câmara de Representantes proclamará a fórmula ritual dirigida ao presidente desta instituição.
"Senhor 'speaker', o presidente dos Estados Unidos". Biden avançará como candidato e fará um discurso de campanha.
Y.Callens--JdB