Journal De Bruxelles - Panamá suspende MSF após denúncia de aumento dos estupros de migrantes

Panamá suspende MSF após denúncia de aumento dos estupros de migrantes
Panamá suspende MSF após denúncia de aumento dos estupros de migrantes / foto: Luis ACOSTA - AFP/Arquivos

Panamá suspende MSF após denúncia de aumento dos estupros de migrantes

A ONG Médicos sem Fronteiras (MSF) anunciou, nesta quinta-feira (7), que o governo do Panamá a obrigou a suspender suas atividades humanitárias na selva de Darién, após denunciar um aumento dos estupros de migrantes que se dirigem aos Estados Unidos.

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No último dia 4, a MSF “foi obrigada a suspender todo o atendimento médico à população migrante em Darién por ordem de autoridades panamenhas", informou a ONG, acrescentando que o governo do Panamá alegou que a MSF "não conta com um acordo de colaboração vigente com o Ministério da Saúde” para atuar no país.

A medida foi tomada dias após a ONG denunciar "um aumento dos ataques brutais e da violência sexual contra migrantes na selva”, destaca o comunicado. O governo panamenho não se pronunciou sobre o assunto.

- Brutalidade -

No último dia 29, a MSF alertou para o aumento dos estupros e "da brutalidade" de que são alvo muitos migrantes que cruzam a selva inóspita de Darién, na fronteira com a Colômbia. Em apenas uma semana de fevereiro, as equipes de saúde da ONG atenderam 113 migrantes, entre eles nove menores, que haviam sofrido agressões sexuais naquela região. Em janeiro, foram 120 casos, segundo a ONG.

Em 2023, um recorde de mais de 520 mil pessoas cruzaram a selva, das quais cerca de 120 mil eram menores de idade, segundo o governo do Panamá. Em dois meses de 2024, mais de 72 mil pessoas atravessaram a selva, um número que supera as 50 mil que o fizeram no mesmo período do ano anterior.

Quase dois terços destes migrantes são venezuelanos, seguidos de equatorianos, haitianos, colombianos e chineses.

- Retorno -

A Médicos sem Fronteiras "tem grande preocupação com as consequências dessa suspensão para a população migrante”, apontou a ONG, segundo a qual suas equipes prestam mensalmente atendimento físico e psicológico a quase 5 mil pessoas, com ênfase nas sobreviventes de violência sexual.

A única atividade da MSF no Panamá era o atendimento a migrantes na floresta. A ONG expressou confiança "em poder retomar o atendimento médico em Darién o quanto antes".

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Federação Internacional da Cruz Vermelha também denunciaram o aumento da violência contra os migrantes em Darién.

O governo do Panamá tenta desencorajar os migrantes com mensagens que alertam para o perigo em Darién. Também foi obrigado a instalar, com o apoio de organizações internacionais, centros de atendimento que prestam serviços básicos aos viajantes, dos quais a MSF também participava.

M.Kohnen--JdB