Journal De Bruxelles - Biden quer retomar impulso para as eleições com discurso no Congresso

Biden quer retomar impulso para as eleições com discurso no Congresso
Biden quer retomar impulso para as eleições com discurso no Congresso / foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS, JOSEPH PREZIOSO - AFP/Arquivos

Biden quer retomar impulso para as eleições com discurso no Congresso

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tentará nesta quinta-feira captar a simpatia dos eleitores para a disputa da presidência em novembro, durante o tradicional discurso sobre o Estado da União no Congresso, que milhões de telespectadores analisarão com uma lupa.

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"Vocês me escolheram para fazer o trabalho, construir uma economia que funcione para os trabalhadores e tornar a vida melhor para as famílias", escreveu Biden na rede social X.

"Vou atualizá-los sobre o nosso progresso e traçar o caminho a seguir", acrescentou.

Biden repassará, portanto, sua política de investimentos em infraestruturas e para assegurar o direito ao aborto, assim como seus esforços para reduzir o preço dos medicamentos e da dívida estudantil.

Tradicionalmente, o discurso, que no ano passado superou 70 minutos, também destaca a política externa.

O democrata certamente mencionará a ajuda à Ucrânia, bloqueada pelos republicanos da Câmara de Representantes.

E a crise migratória na fronteira com o México, um dos temas que mais preocupa os americanos.

Seu rival nas eleições de novembro, o candidato republicano Donald Trump, não terá o palco solene do Capitólio nem a atenção de milhões de telespectadores, mas prometeu "corrigir" o discurso ao vivo.

- "A qualquer momento" -

O ex-presidente republicano afirmou na quarta-feira que debate "em qualquer lugar e a qualquer momento" com Biden.

Normalmente, os debates entre os candidatos democrata e republicano das eleições presidenciais, que acontecerão em 5 de novembro, são organizados no segundo semestre.

Mas as eleições de 2024 não têm nada de comum.

Biden tem 81 anos e um nível de popularidade baixo. O rival e antecessor, de 77 anos, é objeto de quatro indiciamentos na justiça e ainda questiona sua derrota em 2020.

As pesquisas mostram que os americanos gostariam de ver outros candidatos, mas há meses o cenário está sendo preparado para um novo confronto entre Joe Biden e Donald Trump.

Os dois venceram com ampla margem a 'Superterça', dia em que 15 estados organizaram as primárias. O resultado praticamente garantiu a indicação de ambos nas convenções republicana e democrata.

- "Normalidade e loucura" -

O republicano se apresenta como um homem da providência diante da "decadência" dos Estados Unidos. Nos seus comícios, ele trata os adversários como "vermes", intensifica as declarações incendiárias sobre a Otan e repete uma retórica anti-imigração violenta.

O presidente deseja convencer o eleitorado de que ele é o baluarte da democracia americana e fiador da prosperidade econômica.

O discurso sobre o Estado da União raramente tem consequências, mas desta vez "pode ser um ponto de virada" para Biden, avalia a cientista política Wendy Schiller.

"Vivemos tempos anormais, mas os americanos continuam sendo pessoas normais. Entre a normalidade e a loucura, escolherão a normalidade", afirmou o conselheiro da presidência Bruce Reed à revista New Yorker. Esta é a aposta de Biden.

- Convidados -

Reed integra o pequeno círculo que se encontrou no fim de semana passado com Biden na residência de Camp David para finalizar o discurso sobre o Estado da União.

A forma contará tanto como o conteúdo.

O país estará atento ao menor sinal de cansaço e a qualquer problema de elocução, uma crítica constante ao presidente.

A Casa Branca recebe a cada ano convidados que encarnam prioridades políticas.

Neste ano, ao lado da primeira-dama Jill Biden estará sentada a texana Kate Cox, que teve de abandonar seu estado para fazer um aborto depois de receber a notícia de que o feto era inviável.

Biden também convidou Yulia Navalnaya, viúva do opositor russo Alexei Navalny, que morreu na prisão no mês passado, e Olena Zelenska, esposa do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

Nenhuma delas, no entanto, assistirá ao discurso, informou a Casa Branca, sem apresentar explicações.

W.Baert --JdB