Protesto contra o governo reúne milhares de pessoas na Colômbia
Milhares de manifestantes protestavam, nesta quarta-feira (6), nas principais cidades da Colômbia contra o governo do esquerdista Gustavo Petro, por seus projetos de reformas sociais e pela violência que persiste no país, apesar das negociações de paz com grupos armados.
Sob o lema "Fora Petro!", uma multidão vestida de branco percorreu o centro histórico de Bogotá e ocupou quase toda a tradicional Praça de Bolívar, que tem capacidade para 45 mil pessoas.
"Há uma insegurança galopante no campo e na cidade. O povo está cansado, por isso nos manifestamos", disse à AFP o militar reformado Luis Chaparro, de 46 anos.
Em Cali (sudoeste), Medellín (noroeste), Barranquilla (norte), Bucaramanga (nordeste) e outras capitais, os manifestantes se reuniram com bandeiras da Colômbia e de Israel e referências a líderes como os presidentes da Argentina e de El Salvador.
"Estamos em meio a duas ameaças. De um lado, a violência, os criminosos. Do outro, a absoluta falta de aptidão do governo de Gustavo Petro", disse Miguel Uribe, senador do partido opositor Centro Democrático, organizador do protesto contra o Executivo, cuja popularidade beira os 35%, segundo o instituto Invamer.
- Contra a mudança -
Petro chegou ao poder em agosto de 2022, como o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia. Suas propostas de reforma dos sistemas de pensões, saúde e trabalho são discutidas em debates acalorados no Congresso, onde ele perdeu a maioria.
Em ato público realizado hoje, o chefe de Estado afirmou que os que protestam fazem parte de "forças" que não "querem mudar o país", nem perder seus "privilégios".
O governo quer reduzir a participação privada na prestação dos serviços de saúde e no pagamento de aposentadorias, assim como ampliar os benefícios aos trabalhadores.
A oposição questiona as concessões feitas aos grupos armados em meio às negociações com as quais o presidente busca pôr fim a seis décadas de conflito armado.
Os diálogos avançam em meio a reveses com os rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) e as dissidências da extinta guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que rejeitaram o acordo de paz de 2016.
Violações aos cessar-fogos acordados, suspensões temporárias das conversas por desencontros entre as partes e uma violência que continua afetando o campo e as cidades dificultam a desmobilização de milhares de combatentes.
- Oposição -
Opositores acusam o governo de desperdício, um dos argumentos contra as reformas que buscam expandir o Estado. Além disso, Petro enfrenta o julgamento do seu filho mais velho, acusado de lavagem de dinheiro, e a perda da sede dos Jogos Pan-Americanos de 2027 por não ter efetuado os pagamentos acordados com o organizador.
“Escândalos maravilhosos a que nos vemos submetidos devido aos gastos desnecessários, contratos absurdos, ao roubo em geral", criticou a vendedora de produtos naturais Pilar Cardona, de 61 anos. “A vida está terrivelmente cara. Tem muita gente passando necessidade".
A inflação em 12 meses em janeiro ficou em 8,35%, uma das mais altas da região, e o PIB cresceu 0,6% em 2023, abaixo das expectativas de analistas e do governo.
“Péssima gestão da economia”, avaliou o sindicalista do setor financeiro Aníbal Romero, de 61 anos. “Petro não quer entender que este país necessita de investimento, de criação de empresas".
H.Raes--JdB