Journal De Bruxelles - Milei se diz contrário ao aborto na Argentina em discurso para estudantes

Milei se diz contrário ao aborto na Argentina em discurso para estudantes
Milei se diz contrário ao aborto na Argentina em discurso para estudantes / foto: JUAN MABROMATA - AFP

Milei se diz contrário ao aborto na Argentina em discurso para estudantes

O presidente da Argentina, Javier Milei, declarou-se contrário ao aborto legal aprovado em seu país desde 2020 e considerou "assassinos" os seus defensores, ao pronunciar um discurso para estudantes nesta quarta-feira (6), a dois dias do Dia Internacional da Mulher.

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"Para mim, o aborto é um assassinato agravado pelo vínculo e posso mostrar-lhes isso de uma perspectiva matemática, filosófica e do liberalismo", disse o presidente de extrema direita para o auditório lotado de jovens estudantes do colégio Cardeal Copella, um estabelecimento católico de Buenos Aires onde o presidente cursou o ensino médio.

Milei classificou os que apoiaram a aprovação da lei como "os assassinos dos lenços verdes", em alusão ao símbolo que caracteriza as lutas feministas e que se transformou em bandeira do ativismo pelo aborto legal na Argentina.

Esta semana, a França se tornou o primeiro país a incluir em sua Constituição a "liberdade garantida" de abortar, quase meio século depois de sua descriminalização nesse país.

O discurso de Milei acontece dois dias antes da celebração do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, quando coletivos feministas voltarão a marchar em defesa dos direitos das mulheres, da igualdade de gênero e para tornar visível a violência machista.

Na Argentina, a marcha terá este ano o lema "Contra a fome, o ajuste e a repressão" para denunciar as consequências sociais do ajuste econômico que o governo Milei leva adiante, quando a inflação supera 250% em 12 meses e a pobreza atinge mais de 50% da população.

Desde que assumiu em 10 de dezembro, Milei eliminou o Ministério das Mulheres, Gêneros e Diversidade e anunciou recentemente o fechamento do Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), além de proibir o uso da linguagem inclusiva nas Forças Armadas e em toda a administração pública nacional.

Pouco antes de Milei viajar ao Vaticano para uma audiência com o papa Francisco em 12 de fevereiro, a deputada Rocío Bonacci, do partido governista A Liberdade Avança, apresentou um projeto de lei para voltar atrás na legalização do aborto e tipificá-lo como um delito, mas o governo esclareceu depois que esse tema não era prioritário.

A lei de Interrupção Voluntária da Gestação foi aprovada em dezembro de 2020 e colocada em prática em janeiro de 2021, depois de um debate que polarizou a sociedade argentina e atravessou de maneira transversal todas as forças políticas.

Contempla a possibilidade de abortar até 14 semanas, inclusive, de gestação sem ter que explicitar os motivos, bem como quando a gravidez é resultado de estupro e se a saúde ou a vida da pessoa gestante está em perigo.

T.Bastin--JdB