Journal De Bruxelles - Israel reitera acusações contra agência da ONU após apelo dos EUA por cessar-fogo

Israel reitera acusações contra agência da ONU após apelo dos EUA por cessar-fogo
Israel reitera acusações contra agência da ONU após apelo dos EUA por cessar-fogo / foto: MOHAMMED ABED - AFP

Israel reitera acusações contra agência da ONU após apelo dos EUA por cessar-fogo

Israel e a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos trocaram acusações nesta segunda-feira (4), após os Estados Unidos intensificarem a pressão por um cessar-fogo na Faixa de Gaza em busca de avançar as negociações no Egito para uma trégua entre Israel e o Hamas.

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Os países mediadores no conflito, Egito, Catar e Estados Unidos, estão negociando com o Hamas no Cairo, mas Israel, que não participa das conversas, acusou a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) de empregar "mais de 450 terroristas".

A acusação intensifica a campanha de Israel contra essa agência fundamental nos esforços para fornecer ajuda em Gaza, onde organizações humanitárias alertam que o risco de fome é iminente após cinco meses de guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas, que governa o território palestino desde 2007.

Essa agência da ONU está no centro da controvérsia desde que Israel acusou, no final de janeiro, 12 de seus funcionários de estarem envolvidos no ataque de 7 de outubro, quando comandos do Hamas mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, em Israel, segundo uma contagem da AFP com base em dados israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que deixou pelo menos 30.534 mortos em Gaza, a maioria civis, de acordo com o ministério da Saúde do território.

Após as denúncias, a ONU afastou os funcionários acusados ainda vivos e iniciou uma investigação.

Em paralelo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, criou um comitê independente para avaliar a missão da UNRWA e sua "neutralidade".

Phillipe Lazzarini, diretor da UNRWA, afirma que Israel não apresentou nenhuma prova contra seus antigos funcionários.

A agência disse nesta segunda-feira que alguns de seus trabalhadores foram "obrigados a confessar sob tortura e maus-tratos" pelas autoridades israelenses, quando interrogados.

- Estupradas e assassinadas -

Israel anunciou nesta segunda-feira que convocou seu embaixador na ONU para consultas e denunciou que a organização tentou "silenciar" os relatórios de atos de violência sexual cometidos pelo Hamas durante seu ataque.

A ONU divulgou um relatório que aponta que há "boas razões para acreditar" que ocorreram estupros durante a incursão do Hamas e que alguns reféns levados a Gaza também sofreram agressões.

O documento relata casos de vítimas que foram estupradas e depois mortas, e menciona "pelo menos dois incidentes relacionados com o estupro de cadáveres femininos".

Por volta de 250 pessoas foram sequestradas pelos islamistas em 7 de outubro. Uma trégua no final de novembro permitiu a libertação de 105 reféns em troca de 240 prisioneiros palestinos.

- Número de reféns mortos é desconhecido -

Os mediadores estão há semanas tentando obter um cessar-fogo e a libertação dos reféns retidos em Gaza em troca da libertação de prisioneiros palestinos.

Uma rede de televisão próxima ao governo egípcio relatou durante o dia que foram feitos "progressos significativos" e à noite informou que as conversas continuarão nesta terça-feira.

No domingo, Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, afirmou que "deve haver um cessar-fogo imediato por pelo menos as próximas seis semanas".

Para aceitar um acordo, o Hamas exige o retorno ao norte de Gaza dos deslocados, um aumento na ajuda humanitária, um cessar-fogo definitivo e a retirada dos militares israelenses.

 

Basem Naim, alto funcionário do Hamas, declarou nesta segunda-feira no Cairo que o grupo desconhece quantos "estão vivos ou morreram devido aos bombardeios ou à fome".

- Trabalhador estrangeiro morre em Israel -

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, devem se reunir com o político israelense Benny Gantz em Washington nesta segunda-feira.

Gantz é membro do gabinete de guerra de Benjamin Netanyahu, mas também rival político centrista do primeiro-ministro de extrema direita.

Nas últimas horas, bombardeios israelenses atingiram Rafah e Khan Yunis, no sul, Jabaliya e Nusseirat, no centro, e a Cidade de Gaza, ao norte, segundo o governo do Hamas e testemunhas.

Segundo o ministério da Saúde do Hamas, 124 pessoas morreram nas últimas horas na Faixa de Gaza.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, alertou em Genebra que a guerra em Gaza pode levar a um "conflito muito mais amplo", em referência aos disparos na fronteira entre Israel e o Líbano e aos ataques dos rebeldes huthis do Iêmen no Mar Vermelho.

No norte de Israel, um míssil disparado do Líbano, de acordo com o Exército israelense, matou um trabalhador estrangeiro e feriu sete cidadãos indianos.

W.Dupont--JdB