Journal De Bruxelles - Alemanha investiga possível espionagem de seu exército durante guerra na Ucrânia

Alemanha investiga possível espionagem de seu exército durante guerra na Ucrânia
Alemanha investiga possível espionagem de seu exército durante guerra na Ucrânia / foto: JUNG Yeon-Je - AFP/Arquivos

Alemanha investiga possível espionagem de seu exército durante guerra na Ucrânia

O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, prometeu neste sábado (2) uma investigação "exaustiva" para apurar se uma conversa confidencial do seu exército sobre entrega de armas à Ucrânia foi alvo de espionagem, depois de uma gravação ter sido publicada em uma rede social russa.

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A diretora do canal estatal russo RT, Margarita Simonyan, publicou na sexta-feira uma gravação de áudio de 38 minutos que diz ser um trecho de uma conversa entre oficiais alemães, que teria acontecido por videoconferência em 19 de fevereiro.

A informação publicada sobre esta questão constitui "um assunto muito sério e é a razão pela qual é objeto de uma investigação muito profunda, muito exaustiva e muito rápida", declarou o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, em Roma, onde participa de um congresso de socialistas europeus.

Pouco antes, uma porta-voz do Ministério da Defesa alemão havia indicado à AFP que estava "investigando se as comunicações do setor da Força Aérea foram interceptadas".

A conversa discute a possibilidade de o exército ucraniano usar mísseis Taurus de fabricação alemã e seu impacto potencial. Fala-se também de possíveis alvos de ataque, como a ponte que liga a península da Crimeia, ocupada pelas forças de Moscou, à Rússia, sobre o estreito de Kerch.

Especialistas consultados pela revista alemã Der Spiegel afirmaram acreditar que a gravação é autêntica.

Segundo a Der Spiegel, a videoconferência não foi realizada por meio de nenhum canal interno do exército, mas sim através da plataforma WebEx.

Kiev solicita há muito tempo que a Alemanha lhe forneça mísseis Taurus, que têm um alcance de até 500 quilômetros. Até agora, o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, recusou-se a enviar esses projéteis, temendo uma escalada do conflito.

"Se essa história fosse verdadeira, seria muito problemática", disse Konstantin von Notz, presidente da comissão parlamentar alemã para o controle dos serviços secretos, ao canal RND.

"É preciso perguntar se este é um incidente isolado ou um problema de segurança estrutural", acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, em visita à Turquia, considerou que o caso mostra que a Ucrânia e os seus apoiadores "não querem mudar de forma alguma o seu rumo e querem infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha".

Roderich Kiesewetter, especialista em defesa do principal partido conservador da oposição, o CDU, alertou que poderia haver mais vazamentos.

"Certamente muitas outras conversas foram interceptadas e poderão vazar mais tarde para o benefício da Rússia", disse à emissora ZDF.

Segundo ele, é possível pensar "que a conversa foi vazada deliberadamente pela Rússia neste preciso momento com uma intenção específica", que seria "impedir que a Alemanha forneça o Taurus" à Ucrânia.

O.Meyer--JdB