Journal De Bruxelles - Especialistas da ONU denunciam 'aumento exponencial' de violações de DH na Nicarágua

Especialistas da ONU denunciam 'aumento exponencial' de violações de DH na Nicarágua
Especialistas da ONU denunciam 'aumento exponencial' de violações de DH na Nicarágua / foto: César Pérez - Presidencia de Nicaragua/AFP

Especialistas da ONU denunciam 'aumento exponencial' de violações de DH na Nicarágua

Um grupo de especialistas da ONU acusou o governo da Nicarágua de aumentar exponencialmente as violações dos direitos humanos no último ano, em um relatório apresentando nesta quinta-feira (29) que apela ao reforço das sanções internacionais contra Manágua.

Tamanho do texto:

O relatório do Grupo de Direitos Humanos sobre a Nicarágua afirma que o governo do presidente Daniel Ortega comete "abusos e crimes" para "eliminar todas as vozes críticas e dissuadir, a longo prazo, qualquer nova organização e iniciativa de mobilização social".

"O governo da Nicarágua continua a perpetrar graves violações sistemáticas dos direitos humanos, equivalentes a crimes contra a humanidade, por razões políticas", declarou o Grupo, reiterando expressões do relatório apresentado há um ano.

No entanto, "a situação piorou" no último ano devido à "consolidação e centralização de todos os poderes e instituições do Estado", especialmente o poder Judiciário, nas mãos de Ortega e da sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, acrescenta.

"Durante 2023 houve um aumento exponencial nos padrões de violações focados em incapacitar qualquer tipo de oposição no longo prazo", segundo o documento, que foi rejeitado categoricamente pelo governo da Nicarágua e rotulado como "irreal e irracional".

"O presidente Ortega, a vice-presidente Murillo e os altos funcionários identificados na investigação devem ser responsabilizados perante a comunidade internacional", disse o presidente do think tank, Jan Simon.

O grupo de especialistas é independente e foi criado em 2022 por mandato do Conselho de Direitos Humanos da ONU para investigar os abusos cometidos na Nicarágua desde abril de 2018, quando eclodiram protestos contra o governo Ortega, cuja repressão deixou 355 mortos e centenas de detidos (opositores, líderes sociais, empresários, jornalistas).

Manágua rejeitou completamente o relatório, afirmando que o documento não tem credibilidade.

"Não aceitamos estes autoproclamados especialistas em direitos humanos para que, mediante seus relatórios unilaterais e enviesados, emitam um critério irreal e irracional sobre a realidade do povo nicaraguense", disse a procuradora-geral da Nicarágua, Wendy Morales.

"Qualquer atualização, relatório ou declaração carece de um mínimo de credibilidade", acrescentou a representante legal do Estado nicaraguense, segundo o portal oficial El 19 Digital.

- "Medidas imediatas" -

"A centralização do poder não só garante a impunidade dos perpetradores, mas também prejudica os esforços para conseguir a responsabilização. O governo garantiu sua permanência em uma bolha cada vez mais sólida para se perpetuar no poder", disse a especialista Ariela Peralta.

Além disso, "a perseguição estende-se para além das fronteiras da Nicarágua, devido aos efeitos da privação da sua nacionalidade e personalidade jurídica, da falta de acesso à documentação oficial e apoio consular", afirmou a especialista Ángela Buitrago.

"O efeito sobre a população da Nicarágua é devastador. Serão necessários muito tempo e recursos para que o povo da Nicarágua e a comunidade internacional recuperem tudo o que foi perdido", disse Simon.

S.Vandenberghe--JdB