Transnístria, região separatista da Moldávia, pede 'proteção' da Rússia
As autoridades da Transnístria, região separatista pró-Rússia da Moldávia, pediram nesta quarta-feira (28) a "proteção" da Rússia contra uma suposta "pressão" exercida pelo governo moldavo, acentuando a tensão em uma região já afetada pela invasão russa da Ucrânia.
Pouco depois, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, citado por agências locais, indicou que Moscou considerava que "proteger" os "compatriotas" da Transnístria é uma de suas "prioridades".
Os deputados da Transnístria adotaram em Tiraspol, a principal cidade deste enclave de 4.160 km2 localizado entre a Moldávia e a Ucrânia, uma declaração apelando a Moscou para "implementar medidas para proteger a Transnístria face à pressão reforçada da Moldávia", que tinha adotado medidas de retaliação econômica contra os separatistas.
A Transnístria, onde vivem "mais de 220 mil cidadãos russos", enfrenta "ameaças sem precedentes de natureza econômica, sócio-humanitária e político-militar", segundo o comunicado, citado pelas agências de notícias russas, sem especificar que tipo de ajuda reivindica.
Em 2006, em um referendo na Transnístria que não foi reconhecido pela comunidade internacional, 97% dos eleitores se declararam a favor da independência e da união do território com a Rússia.
A petição desta quarta-feira lembra a lançada pelos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia em fevereiro de 2022, que foi um dos pretextos alegados pelo presidente Vladimir Putin para lançar o seu ataque em grande escala contra a Ucrânia.
Após o colapso da União Soviética, esta região de língua russa proclamou a sua secessão e travou uma curta guerra contra o Exército moldavo em 1992.
Desde então, a Rússia mantém naquele estreito território de 465 mil habitantes, que se estende entre a margem oriental do rio Dniester e a Ucrânia, uma presença oficial de 1.500 militares em missão de paz.
Desde o início da operação russa na Ucrânia, multiplicam-se as especulações sobre um ataque russo da Transnístria contra a cidade ucraniana vizinha de Odessa, nas margens do Mar Negro.
Os separatistas da Transnístria acusam a Ucrânia de querer atacar o território e de ter preparado um ataque frustrado contra os seus líderes.
- Tensões "perigosas" para a região -
Os deputados separatistas afirmaram que pretendiam tomar medidas urgentes contra a recente imposição de tarifas aprovadas pela Moldávia sobre produtos procedentes da Transnístria.
Também pediram à OSCE, ao Parlamento Europeu, à Cruz Vermelha e à ONU que evitem "provocações" que possam levar a "uma escalada das tensões".
O governo moldavo, que criticou uma "campanha" para fomentar a "histeria" entre a população, observou que "não há risco de escalada".
A Moldávia e a União Europeia acusam regularmente Moscou de querer desestabilizar essa antiga república soviética, agora com uma liderança firmemente pró-europeia.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, insistiu nesta quarta-feira que "a ameaça de intervenção russa, ou pelo menos uma provocação, é permanente", e considerou que as tensões na Moldávia são "perigosas" para a região.
Em dezembro de 2023, a União Europeia decidiu abrir negociações de adesão tanto com a Ucrânia como com a Moldávia.
A.Thys--JdB