Journal De Bruxelles - Ministros das Finanças do G20 discutem no Brasil economia ameaçada por conflitos

Ministros das Finanças do G20 discutem no Brasil economia ameaçada por conflitos

Ministros das Finanças do G20 discutem no Brasil economia ameaçada por conflitos

Os ministros das Finanças do G20 iniciam nesta quarta-feira (28) uma reunião de dois dias em São Paulo com o objetivo de reforçar uma economia global relativamente saudável, mas sob a ameaça dos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.

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A guerra entre Rússia e Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, pode virar o tema central do encontro em São Paulo, onde os representantes do G7 também se reunirão para discutir como reforçar o apoio contra a ofensiva militar russa.

O debate do G7 incluirá uma proposta "urgente" da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, para utilizar ativos russos congelados e aumentar a ajuda a Kiev.

Yellen, o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, e outros funcionários de alto escalão das economias mais importantes do mundo se encontrarão no Brasil.

O evento na capital paulista, no entanto, terá ausências notáveis, como os ministros das Finanças da China, Índia, Rússia e Reino Unido, informaram os organizadores do evento.

O ministro anfitrião, Fernando Haddad, participará de forma virtual por ter sido diagnosticado com covid-19.

Os riscos econômicos, incluindo inflação, mudança climática e as tensões no Oriente Médio, também estão na agenda da primeira reunião do ano dos ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20.

O Brasil também pretende pressionar por avanços na luta contra a pobreza, além de exigir um alívio no peso da dívida das nações menos desenvolvidas e o aumento da influência dos países em desenvolvimento em organizações como o FMI e o Banco Mundial.

A tributação internacional é outro tema na agenda, em um momento de disputas globais sobre como lidar com o cenário em que alguns países cortejam as empresas e os super-ricos com taxas de impostos ultrabaixas.

A reunião acontece uma semana após o encontro dos ministros das Relações Exteriores no Rio de Janeiro e deve estabelecer as bases de trabalho de política econômica para a cúpula de líderes do G20, que acontecerá em novembro também na capital fluminense.

"Num mundo com múltiplas crises e conflitos, e muitos desafios de dimensões globais, como o desenvolvimento sustentável e o combate às mudanças climáticas, ter um foro como o G20, em que sentam lado a lado países cruciais para avançar em qualquer tipo de solução, oferece uma oportunidade única de diálogo e cooperação" afirmou Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e coordenadora das reuniões de Finanças do G20.

"Queremos trabalhar com todos os países membros convidados e organizações internacionais para impulsionar consensos em relação aos principais desafios da economia global e também da humanidade", acrescentou.

- G7 mira ativos russos -

Os ministros das Finanças dos países do G7 (Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos), além da União Europeia, terão uma reunião separada nesta quarta-feira sobre a renovação do apoio ocidental à Ucrânia, desesperada por mais ajuda para evitar o avanço das tropas da Rússia.

O G7 pode anunciar planos para criar um fundo para Kiev com a utilização dos lucros gerados por quase 397 bilhões de dólares em ativos russos congelados pelo Ocidente devido à invasão ordenada por Moscou.

A Ucrânia alertou que precisa com urgência de mais assistência militar e financeira, no momento em que a aprovação de um novo pacote de ajuda americana de 60 bilhões de dólares está paralisada no Congresso.

O plano ocidental de aproveitar os ativos congelados da Rússia parece estar ganhando força: Yellen defendeu a ideia, a vice-primeira-ministra canadense, Chrystia Freeland, afirmou "concordar 100%" e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, pediu o confisco primeiro dos juros gerados e depois dos próprios ativos.

Fundado em 1999, o G20 representa mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, 75% do comércio mundial e dois terços da população global.

Na verdade, o grupo tem 21 membros: 19 das maiores economias do mundo, a União Europeia e, como membro pela primeira vez este ano, a União Africana.

G.Lenaerts --JdB