Journal De Bruxelles - Biden enfrenta voto de protesto por Gaza nas primárias do Michigan

Biden enfrenta voto de protesto por Gaza nas primárias do Michigan
Biden enfrenta voto de protesto por Gaza nas primárias do Michigan / foto: Mandel NGAN - AFP/Arquivos

Biden enfrenta voto de protesto por Gaza nas primárias do Michigan

O estado do Michigan vota nesta terça-feira (27) nas primárias das eleições presidenciais dos Estados Unidos, um mero protocolo para o republicano Donald Trump, mas um processo que pode prejudicar o democrata Joe Biden devido à guerra em Gaza.

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O presidente Biden não tem rivais de peso no partido para ser indicado como candidato a um segundo mandato na Casa Branca.

Porém, com o aumento do número de mortos civis na guerra entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas, o apoio dos muçulmanos e dos árabes americanos registra queda. Em 2020, estes eleitores foram cruciais para sua vitória apertada contra Trump no estado do meio-oeste do país.

Os ativistas do Michigan, conhecido como o estado dos Grandes Lagos, desejam que os eleitores votem "sem compromisso" em sinal de protesto. Eles desejam que o presidente recue em seu apoio a Israel e exija um cessar-fogo imediato.

Há quatro anos, a margem de vitória de Biden no estado foi de apenas 150.000 votos.

"O presidente Biden tem financiado a queda de bombas sobre os parentes de pessoas do Michigan, pessoas que votaram nele e que agora sentem-se completamente traídas", declarou Layla Elabed, da campanha "Listen to Michigan" (Escute o Michigan).

O grupo aspira reunir 10.000 eleitores "sem compromisso" para transmitir uma mensagem "potente e inequívoca" de que financiar e apoiar a guerra está "em desacordo com os valores do Partido Democrata".

Biden avança de maneira acelerada para oficializar a indicação democrata. Seu principal rival, o congressista por Minnesota Dean Phillips, tem apenas um dígito nas pesquisas.

"Dez mil votos é quase a mesma margem da vitória de Donald Trump sobre Hillary Clinton em 2016", recorda Elabed.

A guerra começou quando o Hamas atacou Israel em 7 de outubro e matou 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.

A preocupação aumentou com o número elevado de civis mortos na campanha de represálias de Israel, que se aproxima de 30.000, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas.

- "Diminui a confiança" -

Alguns funcionários da Casa Branca afirmam que Biden está frustrado com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Isto não impediu o envio de armas americanas ao país, apesar dos esforços para negociar uma segunda pausa nos combates.

Biden pediu ao Congresso bilhões de dólares em ajuda militar adicional e seu governo vetou diversos pedidos de cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU.

Durante as primárias de New Hampshire, uma campanha similar foi organizada, mas Michigan tem uma população muçulmana e árabe maior.

"Cada dia que passa, cada minuto que o presidente não faz o que é correto, diminui a confiança que eu e tantos outros depositamos nele", escreveu na semana passada, no jornal The New York Times, Abdullah Hammoud, prefeito de Dearborn, subúrbio de Detroit de maioria árabe-americana.

"Com cada bomba de fabricação americana que o governo de direita de Israel lança sobre Gaza, uma insensibilidade cruel cobre tudo".

Quanto aos republicanos, Trump venceu com facilidade os primeiros estados que organizaram as primárias e sua série de triunfos não deve ser interrompida no Michigan.

Sua única rival, a ex-embaixadora na ONU Nikki Haley, perdeu em seu estado natal da Carolina do Sul no fim de semana, mas se negou a desistir da disputa porque, afirma, não acreditar que Trump conseguirá derrotar Biden.

Haley sofreu outro golpe no domingo, quando a rede da família Koch anunciou a suspensão das doações para sua campanha.

Os dois partidos organizam votações nesta terça-feira, mas os republicanos utilizam um complexo sistema híbrido que será concluído após quatro dias, com assembleias nos 13 distritos.

I.Servais--JdB