Journal De Bruxelles - Justiça espanhola pede prisão de um dos filhos do presidente de Guiné Equatorial

Justiça espanhola pede prisão de um dos filhos do presidente de Guiné Equatorial
Justiça espanhola pede prisão de um dos filhos do presidente de Guiné Equatorial / foto: Luis Tato - AFP/Arquivos

Justiça espanhola pede prisão de um dos filhos do presidente de Guiné Equatorial

Um juiz espanhol emitiu, nesta sexta-feira (23), ordens de captura contra três dirigentes de Guiné Equatorial, entre eles um filho do presidente do país africano, no âmbito de uma investigação sobre o sequestro de quatro opositores.

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As ordens de prisão "europeias e internacionais" apontam para Carmelo Ovono Obiang, filho do presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, assim como para Nicolás Obama Nchama e Isaac Nguema Ondo, informou a Audiência Nacional, o tribunal encarregado de casos de terrorismo e de assuntos particularmente delicados.

Carmelo Ovono Obiang também é o chefe de inteligência externa desta antiga colônia espanhola; Obama Nchama é ministro de Estado a cargo da segurança doméstica e Nguema Endo é diretor-geral de segurança presidencial.

O juiz "cumpre assim com o ordenado ontem [quinta-feira] pela Câmara Criminal" da Audiência Nacional, que deu luz verde à ação de uma organização opositora, detalhou o tribunal em nota.

Essa organização, o Movimento para a Libertação de Guiné Equatorial-Terceira República (MLGE3R), um movimento de oposição no exílio que opera a partir da Espanha, denuncia regularmente abusos contra os direitos humanos neste pequeno estado petroleiro da África Central.

- 'Sequestrados no Sudão do Sul' -

A Justiça espanhola suspeita que Carmelo Ovono Obiang e os outros dois dirigentes estiveram envolvidos no sequestro e tortura de quatro opositores.

Dois deles tinham nacionalidade espanhola e os outros dois residiam na Espanha.

A Justiça espanhola considera que eles foram "sequestrados no Sudão do Sul e levados para Guiné Equatorial" em novembro de 2019.

Segundo os autos, todos eles haviam viajado ao Sudão do Sul seguindo o convite de um amigo, o que, na realidade, era uma "armadilha" para sequestrá-los.

Em Malabo, capital de Guiné Equatorial, eles foram presos e torturados por sua suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado, de acordo com a acusação.

Em janeiro de 2023, um dos opositores de nacionalidade espanhola, Julio Obama Mefuman, morreu na prisão após não resistir às torturas, segundo denunciou o seu partido. Por outro lado, Malabo sustenta que ele faleceu no hospital de uma doença.

A Audiência Nacional reivindicou o corpo para a realização de uma autópsia na Espanha, mas Malabo se negou a entregá-lo. Também havia intimado a depor, no ano passado, os três dirigentes citados, que não compareceram.

Contudo, e para surpresa geral, um magistrado da Audiência Nacional anunciou, no início de janeiro, que cedia o caso à Justiça guinéu-equatoriana porque não havia "base para concluir, mesmo indiretamente, que houve atos cometidos na Espanha". O MLGE3R recorreu da decisão.

Após o início da investigação no começo de 2023, outro filho do chefe de Estado, Teodoro Nguema Obiang Mangue, vice-presidente do país, acusou a Espanha de "ingerência".

Guiné Equatorial, que se tornou independente da Espanha em 1968, tem um regime que é considerado um dos mais autoritários e fechados do mundo, liderado desde 1979 por Teodoro Obiang, de 81 anos, que ostenta o recorde mundial de longevidade no poder para um chefe de Estado, a exceção das monarquias.

H.Raes--JdB