Journal De Bruxelles - EUA anuncia maior rodada de sanções contra Rússia desde começo da guerra

EUA anuncia maior rodada de sanções contra Rússia desde começo da guerra
EUA anuncia maior rodada de sanções contra Rússia desde começo da guerra / foto: Mandel NGAN - AFP

EUA anuncia maior rodada de sanções contra Rússia desde começo da guerra

Os Estados Unidos miraram em mais de 500 pessoas e organizações de vários países em sua maior rodada de sanções contra a Rússia desde que este país invadiu a vizinha Ucrânia há dois anos e em resposta à morte na prisão do opositor russo Alexei Navalny.

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Três funcionários públicos russos estão entre os sancionados pelos Estados Unidos por seu envolvimento nesta morte, anunciou o Departamento de Estado.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, advertiu que haverá "mais medidas" para que o Kremlin "preste contas".

"Se [o presidente russo Vladimir] Putin não pagar o preço pela morte e destruição [que provoca], ele seguirá em frente", alertou, nesta sexta-feira (23), o presidente americano, Joe Biden, em declaração na véspera do segundo aniversário da invasão da Ucrânia.

Biden mencionou "mais de 500 novas sanções" contra "indivíduos vinculados ao encarceramento de Navalny" e contra "o setor financeiro, a indústria da defesa, as redes de abastecimento e os evasores de sanções em múltiplos continentes".

Empresas de 26 Estados e cidadãos de 11 países, entre eles China e Alemanha, estão entre os mais de 500 indivíduos e organizações sancionados por alimentarem a máquina de guerra russa ou por ajudarem o governo a driblar as sanções internacionais. Washington bloqueia seus ativos nos Estados Unidos e veta seu acesso a vistos.

O Departamento de Comércio acrescentou mais de 90 empresas à sua lista de restrição.

O novo pacote aumenta para mais de 4.000 as entidades e pessoas sancionadas por Washington desde o início da guerra.

- Sistema de pagamento Mir -

O objetivo destas sanções é limitar os recursos financeiros de que dispõe o governo russo para financiar a guerra contra a Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

"Estamos tomando medidas para reduzir ainda mais a receita energética da Rússia. E pedi à minha equipe para aumentar o apoio à sociedade civil, aos meios de comunicação independentes e àqueles que lutam pela democracia em todo o mundo", escreveu Biden.

A longa lista abrange numerosas empresas de tecnologia dos setores de semicondutores, óptica, drones e sistemas de informação, além de um instituto de matemática aplicada.

O sistema de pagamento russo Mir também foi sancionado. Seu desenvolvimento "permitiu à Rússia construir uma infraestrutura financeira que lhe possibilita driblar as sanções e reconstruir os laços rompidos com o sistema financeiro internacional", apontou o Departamento de Tesouro em um comunicado.

Os cartões Mir, desenvolvidos em 2015 em resposta às sanções ocidentais após a anexação da Crimeia em 2014, permitem aos russos realizarem pagamentos e retirarem dinheiro em determinados países estrangeiros.

Washington afirma mirar em "pessoas situadas fora da Rússia que facilitem, orquestrem, participem ou apoiem de qualquer outro modo a transferência de tecnologia e equipamentos críticos à base militar-industrial russa", reforçou o Departamento do Tesouro em nota.

E advertiu que continuarão sendo impostas sanções "às pessoas, onde quer que estejam, que permitam à Rússia voltar a se conectar com os mercados financeiros mundiais através de canais ilícitos".

Apesar das sanções, o PIB da Rússia cresceu 3,6% em 2023.

Segundo a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, o presidente Vladimir Putin "hipotecou o presente e o futuro do povo russo". "O Kremlin opta por reorientar sua economia para a fabricação de armas para matar seus vizinhos o mais rapidamente possível, às custas do futuro econômico de sua própria população", acrescentou.

- 'Não podemos ir embora' -

A proximidade do segundo aniversário da invasão da Ucrânia provocou uma enxurrada de sanções.

Os países da UE aprovaram um 13º pacote de sanções e o Reino Unido tomou medidas contra mais de 50 personalidades e empresas, e anunciou novos envios de mísseis aos ucranianos.

O governo americano sempre deu apoio a Kiev, mas o envio de novos recursos no valor de 60 bilhões de dólares (cerca de 300 bilhões de reais) está bloqueado no Congresso devido à oposição do núcleo duro dos republicanos, próximo ao ex-presidente Donald Trump, favorito para a indicação de seu partido às presidenciais de novembro.

Em nota, Biden exortou os congressistas a aprovarem estes recursos "antes que seja tarde demais".

"Agora é a hora de mostrar que os Estados Unidos defendem a liberdade e não se curvam diante de ninguém", escreveu Biden.

Horas depois, em um discurso na Casa Branca, insistiu: "Não podemos ir embora [da Ucrânia] agora."

T.Peeters--JdB