Israel bombardeia Rafah, em Gaza, em meio a negociações de trégua
Os mediadores internacionais continuam com os esforços para chegar a um acordo de trégua na Faixa de Gaza entre o movimento islamista Hamas e Israel, que nesta quinta-feira (22) voltou a bombardear a cidade de Rafah, no sul do território palestino.
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza, 97 pessoas morreram nos bombardeios nas últimas 24 horas.
Para tentar romper o impasse nas discussões, está prevista para esta quinta-feira a visita a Israel do assessor do presidente dos EUA para o Oriente Médio, Brett McGurk.
McGurk fez uma escala no Egito, onde também esteve esta semana o chefe do Gabinete Político do Hamas, Ismail Haniyeh.
A comunidade internacional acompanha com especial preocupação a situação dos 1,5 milhão de palestinos amontoados em Rafah, a maioria deles deslocados pela guerra.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou uma próxima ofensiva terrestre nesta cidade, que considera o "último reduto" do Hamas, para libertar reféns sequestrados pelos islamistas na sua ofensiva de 7 de outubro no sul de Israel.
Naquele dia, milicianos palestinos mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados israelenses, e sequestraram 250 pessoas. Destes, 130 ainda estão detidos em Gaza, incluindo 30 que teriam morreram em cativeiro.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva para "aniquilar" o Hamas, que até agora deixou 29.410 mortos, a grande maioria deles civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do território.
- "Chamas, fumaça e explosões" -
Segundo um jornalista da AFP, a aviação israelense lançou uma dezena de bombardeios contra Rafah e Khan Yunis na noite de quarta-feira, alguns quilômetros mais ao norte.
"Acordei com o som de uma grande explosão, como um terremoto. Havia chamas, fumaça, explosões e poeira por toda parte", disse Rami Al Shaer, de 21 anos, em Rafah, à AFP.
Encurralados por combates durante mais de quatro meses, os habitantes de Gaza estão atolados em uma grave crise humanitária. Segundo a ONU, 2,2 milhões dos quase 2,4 milhões de habitantes do território estão ameaçados pela fome.
A situação humanitária é especialmente alarmante no norte do território, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), que na terça-feira foi obrigado a suspender o envio de ajuda devido à "violência" e ao "caos" que prevalecem na região.
Perante esta situação, houve novas discussões sobre um plano de paz elaborado pelos países mediadores (Catar, Estados Unidos e Egito).
A primeira etapa deste plano prevê uma trégua de seis semanas, uma troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos em Israel e a entrada de comboios de ajuda humanitária em Gaza.
"Queremos chegar a um acordo (...) o mais rápido possível", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller.
- Ataque na Cisjordânia -
O Hamas exige um cessar-fogo, a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza, o fim do bloqueio israelense imposto desde 2007 e a criação de áreas seguras para as centenas de milhares de pessoas deslocadas pela guerra.
O Parlamento israelense aprovou na quarta-feira, por ampla maioria, uma resolução proposta por Netanyahu contra qualquer "reconhecimento unilateral de um Estado palestino", que segundo o texto equivaleria a recompensar "o terrorismo sem precedentes" do Hamas.
A votação ocorreu poucos dias depois de o jornal americano The Washington Post ter afirmado que os Estados Unidos e vários países árabes estavam desenvolvendo um plano de paz global com um calendário para a fundação de um Estado palestino quando terminar a atual guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas em Gaza.
Na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, três palestinos abriram fogo com armas automáticas contra veículos nesta quinta-feira, em um engarrafamento perto de um assentamento israelense próximo a Jerusalém, deixando um morto e oito feridos, segundo a polícia israelense.
E.Carlier--JdB