Journal De Bruxelles - Governo colombiano culpa ELN por 'crise desnecessária' em negociações de paz

Governo colombiano culpa ELN por 'crise desnecessária' em negociações de paz
Governo colombiano culpa ELN por 'crise desnecessária' em negociações de paz / foto: YAMIL LAGE - AFP

Governo colombiano culpa ELN por 'crise desnecessária' em negociações de paz

O governo colombiano responsabilizou, nesta quarta-feira (21), a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) por uma "crise desnecessária" nas negociações de paz e por prolongar um "confronto armado", após ter resolvido congelar as conversas iniciadas em novembro.

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"As decisões tomadas unilateralmente pelo ELN são de sua inteira responsabilidade e levam a gerar uma crise desnecessária que prolonga o confronto armado e a violência sofrida pelas comunidades, além de enfraquecer a confiança da sociedade colombiana em sua vontade de paz", declarou a Presidência em boletim.

Na terça-feira, o ELN informou que as negociações estavam em "uma fase de congelamento", alegando violações no acordo.

Segundo o governo da Colômbia, o Executivo "cumpriu integralmente todos os seus compromissos (...) sempre esteve disposto a encontrar soluções para as situações críticas e dificuldades que a Mesa de Diálogo tem enfrentado".

As delegações oficiais e do ELN já realizaram seis ciclos de negociações na Venezuela, México e Cuba e anunciaram o retorno a Caracas em abril.

Contudo, uma série de impasses mina o futuro dos acordos: "bloqueios armados" em que os rebeldes ordenam o confinamento de milhares de pessoas; o sequestro do pai do jogador do Liverpool Luis Díaz, libertado dez dias depois; bem como confrontos com outros grupos armados.

O último ataque violento foi descrito pelo governo de esquerda de Gustavo Petro como uma "deslealdade" à trégua bilateral pactuada até agosto.

- 'Roda solta' -

O ELN justificou a suspensão das negociações de paz ao rejeitar as conversas que o governador do departamento de Nariño (sudoeste) mantém com membros desta guerrilha, segundo eles, "ignorando" a delegação em Cuba.

Em comunicado nesta quarta-feira, a Defensoria do Povo qualificou a posição do grupo como "inaceitável" e garantiu que demonstra "a sua vontade de pressionar o Estado para que não haja participação da sociedade".

Além disso, questionou a unidade de comando do ELN e classificou como "roda solta" sua Frente de Guerra Ocidental, que opera no sudoeste do país, onde "confina 40.000 habitantes na sub-região de San Juan Chocó há duas semanas".

Em conflito armado desde 1964, esta guerrilha conta com cerca de 5.800 combatentes e uma ampla rede de colaboradores, segundo a inteligência militar.

Embora tenha um comando central, suas frentes são autônomas no campo militar, o que, segundo especialistas, dificulta as negociações.

"A decisão de valorizar o que avançamos, de valorizar os passos rumo à paz, de valorizar os acordos está hoje nas mãos do ELN", declarou em vídeo a negociadora do governo, Vera Grabe.

Bogotá defende "desenvolver a paz nos territórios como uma das suas prioridades. Neste sentido, respeita e incentiva as iniciativas que os líderes locais lideram para proteger a população e realizar transformações sociais", segundo a nota oficial.

Petro, o primeiro esquerdista a assumir o poder no país, aposta em uma saída final dialogada para seis décadas de conflito armado e violência através de acordos de paz com o ELN e os dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que se recusaram a aceitar um pacto de paz em 2016.

K.Laurent--JdB