Journal De Bruxelles - Chanceler Mauro Vieira acusa colega israelense de dar declarações 'mentirosas' e 'revoltantes'

Chanceler Mauro Vieira acusa colega israelense de dar declarações 'mentirosas' e 'revoltantes'
Chanceler Mauro Vieira acusa colega israelense de dar declarações 'mentirosas' e 'revoltantes' / foto: MAURO PIMENTEL - AFP/Arquivos

Chanceler Mauro Vieira acusa colega israelense de dar declarações 'mentirosas' e 'revoltantes'

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, acusou, nesta terça-feira (20), seu colega israelense, Israel Katz, de dar declarações "mentirosas" e "revoltantes" em um novo capítulo da crise diplomática entre os dois países pelos comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre Gaza.

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"As manifestações do titular da chancelaria do governo [do primeiro-ministro Benjamin] Netanyahu de ontem e hoje [segunda e terça-feira] são inaceitáveis na forma e mentirosas no conteúdo", disse Vieira no Rio de Janeiro, onde prepara a reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, na quarta e quinta-feira.

"Uma Chancelaria dirigir-se dessa forma a um Chefe de Estado de um país amigo, o Presidente Lula, é algo insólito e revoltante", acrescentou.

As declarações de Veira aprofundam a crise diplomática entre Brasil e Israel, desencadeada no domingo, quando Lula acusou Israel de cometer um "genocídio" na Faixa de Gaza e comparou as ações do Exército israelense contra o movimento islamista Hamas com "quando Hitler decidiu matar os judeus".

Em uma sequência rápida de eventos, Katz declarou o presidente como "persona non grata" em Israel. O Brasil chamou para consultas seu embaixador em Tel Aviv, Frederico Meyer, e Vieira convocou na segunda-feira o representante diplomático de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, para manifestar sua insatisfação pelo tratamento dado a Lula.

O chanceler israelense prosseguiu com as reclamações na terça-feira.

"Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros", escreveu em postagem em português na rede X (antigo Twitter).

Vieira disse que a "antidiplomacia" do governo israelense tenta "semear divisões" e criar uma "cortina de fumaça" para encobrir o "massacre em curso em Gaza".

Os Estados Unidos, por sua vez, divergiram das declarações do presidente brasileiro. "Não acreditamos que o que tem ocorrido em Gaza seja genocídio", declarou à imprensa Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado americano.

O secretário de Estado Antony Blinken se reunirá com Lula na quarta-feira em Brasília, antes de participar da reunião de chanceleres do G20 no Rio.

O presidente de Bolívia, que retirou seu embaixador de Israel em protesto contra a guerra em Gaza, defendeu as declarações de Lula.

Luis Arce cumprimentou o colega brasileiro "por dizer a verdade sobre o genocídio cometido contra o corajoso povo palestino".

Tom semelhante foi adotado pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro.

"Em Gaza há um genocídio e milhares de crianças, mulheres e idosos civis são assassinados covardemente. Lula apenas disse a verdade e a verdade precisa ser defendida, ou a barbárie nos aniquilará", escreveu Petro na rede X.

"Expresso minha solidariedade integral ao presidente do Brasil", acrescentou o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia.

A.Parmentier--JdB